Ucranianos escolhem Europa nas urnas

As primeiras legislativas ucranianas desde a revolução que derrubou Viktor Ianukovich terminaram com uma grande adesão aos partidos que prometem aproximar o país da Europa, com as projecções a atribuírem a vitória ao bloco de Petro Porochenko, com cerca de 23%. 

Ucranianos escolhem Europa nas urnas

O Presidente, que juntou o seu Partido Solidariedade ao do ex-boxista Vitali Klitschko, já celebrou o facto de “a maioria constitucional – mais de três quartos das pessoas que foram às urnas – apoiou irreversivelmente o caminho da Ucrânia rumo à Europa”. 

Logo atrás do bloco de Porochenko, com 21%, surge a Frente Popular do primeiro-ministro Arsenay Yatseniuk, que assim ganha legitimidade para ser o escolhido para o cargo que até agora exercia de forma provisória. Na primeira conferência de imprensa após o fecho das urnas, Porochenko lembrou que a Frente Popular seria sempre “o principal parceiro” em qualquer negociação para a formação de uma maioria.

Uma aliança que poderá contar com os 13% do terceiro classificado, o Partido da Auto Ajuda, que tem base eleitoral no lado ocidental da Ucrânia, mais pró-europeu, onde a participação rondou os 70%. Ao contrário do extremo oposto, onde ao boicote decretado nas áreas controladas pelos separatistas de Lugansk e Donetsk foi contrariado pela participação de apenas 30% de eleitores nas áreas da região de Donbass ainda controladas pelo Governo de Kiev.   

Os boicotes separatistas, aliados à não votação na Crimeia, anexada pela Rússia no início do ano, são a razão da eleição nesta votação de apenas 423 dos 450 deputados do Parlamento Ucraniano. 

O conflito no Leste do país, que surgiu como resposta da população russófona ao derrube popular de um Presidente pró-Moscovo, já matou mais de 3.700 pessoas desde Abril.

Apesar do protesto contra a realização de eleições durante o conflito, o Bloco da Oposição, afecto ao antigo Presidente Ianukovich, conseguiu ultrapassar a barreira eleitoral dos 5% e terá a sua voz ouvida na próxima legislatura. 

Um mandato que Porochenko promete “reformista, pró-ucraniano e pró-europeu”. “A maioria dos eleitores mostrou-se a favor das forças políticas que apoiam o plano de paz do Presidente procuram uma solução política para a região de Donbass”, celebrou Porochenko antes de prometer formar “o melhor Governo” nos próximos 10 dias.

Para isso contará com um Parlamento inédito na história independente do país, pois com o Partido das Regiões de Ianukovich e o sempre pró-russo Partido Comunista reduzidos aos 8% do Bloco da Oposição, nunca houve tanta unidade política em torno da aproximação ao modelo europeu acompanhada por uma independência em relação à Rússia que o país não tem conseguido alcançar.

nuno.e.lima@sol.pt