Consumidores: Mercado livre de luz e gás não compensa

Cerca de um terço dos consumidores que estão no mercado regulado de electricidade e de gás natural não mudaram para o liberalizado por considerarem que a diferença de preços não compensa o esforço, segundo um estudo realizado pela Proteste.

O facto de "não valer a pena" deixar o mercado regulado é a principal razão apontada pelos inquiridos (40% na electricidade e 32% no gás natural) para ainda não terem transitado para um fornecedor do mercado liberalizado, o que, a manter-se o calendário actual, tem que ser feito até Dezembro de 2015.

Os 4.300 associados da Deco — Associação de Defesa do Consumidor que foram inquiridos por correio electrónico também revelam "insegurança" face a outros fornecedores e "satisfação com o fornecedor actual" para justificarem a manutenção em mercado regulado, com as tarifas a serem actualizadas trimestralmente.

Mas há ainda quem (3% dos inquiridos) não saiba que pode mudar, outros tantos que não sabem como proceder e ainda quem não mude para o liberalizado por recear a interrupção do serviço de fornecimento de electricidade/gás natural.

Entre os que já mudaram para um fornecedor de electricidade no mercado liberalizado, apenas 54 em cada 100 está satisfeito com a empresa. "Embora não varie muito entre os cinco fornecedores analisados, a EDP Comercial consegue clientes um pouco mais satisfeitos", lê-se no artigo da publicação da Deco.

Já a Galp On e a Endesa são as empresas que "menos agradam", sobretudo no que refere às iniciativas para incentivar o consumo eficiente e aos balcões de atendimento ao cliente.

O índice de satisfação com os fornecedores de gás natural é superior ao da electricidade, com a Goldenergy, que ganhou um dos leilões da Deco, a ser a mais bem cotada entre os inquiridos (70% de satisfação), mas também a que mereceu mais reclamações.

Apenas 19% dos inquiridos que estão no mercado liberalizado optaram por juntar o fornecimento de gás e electricidade na mesma empresa.

Os dados foram recolhidos entre Fevereiro e Março de 2014, através de um questionário enviado por correio electrónico a uma amostra aleatória de associados da Deco. Entre as 4.300 respostas consideradas válidas, foram analisados 11 fornecedores, tendo ficado de fora as empresas para as quais não existia um número mínimo de experiências.

O período transitório para a passagem de todos os clientes para o mercado liberalizado termina no final de 2015, altura em que serão extintas as tarifas transitórias e em que ficará completo o processo de liberalização dos mercados de electricidade e de gás natural.

Actualmente, estão no mercado regulado de electricidade cerca de 2,7 milhões de consumidores e no de gás natural cerca de 600 mil.

Mais de três milhões de consumidores de electricidade e quase metade dos consumidores de gás natural — 682 mil — estão já em mercado livre.

A ERSE disponibiliza desde o final de Setembro no seu site oficial duas novas versões dos simuladores de electricidade e gás natural com o objectivo de simplificar a comparabilidade das ofertas no mercado liberalizado.

Lusa/SOL