Despertar memórias

A Casa das Gaeiras produzia nos anos 70 do século passado um vinho branco muito famoso, mas que com grande pena dos apreciadores deixou de vir para o mercado. Esta memória estaria a perder-se não fosse a intervenção dos enólogos da Parras, a quem a viticultura está confiada desde 2010. O seu objectivo foi então…

Foi assim lançado um projecto que vê agora a luz do dia: a apresentação da nova gama Reserva Vinhas Velhas. Para isso, recorreram a uma casta quase desaparecida, a Vital, que sempre teve muita expressão na Estremadura. Mas não foi fácil. Esta casta é muito caprichosa e sensível a duas coisas: chuva em excesso e … falta de chuva. Por outro lado, se há calor a mais a acidez aumenta muito; se chove muito a acidez dilui-se. São precisos anos extremamente equilibrados para se tirar todo o partido da Vital. Além disso, o facto de ser tão folhosa, impedia que os tratamentos penetrassem. Foi necessário desfolhá-la então. E como é muito produtiva, há ainda mais um cuidado suplementar: tem de ser controlada ou então dará vinhos vulgares.

Com tudo isto, os enólogos lá conseguiram ir repondo todo o vigor da Vital e eis que chegaram agora a este Casa das Gaeiras Reserva Branco 2013 que se mostra pleno de aromas frutados, acidez equilibrada e com bom final de boca. Em conclusão, um vinho muito gastronómico que irá despertar as memórias adormecidas.

E para que o branco não ficasse sozinho, eis que aparece também agora no mercado o Casa das Gaeiras Reserva Tinto 2012 com a Touriga Nacional a dar-lhe um bom nariz e a Touriga Franca a transmitir-lhe corpo. Com taninos bem presentes, assume notas de cacau e chocolate preto.

Para os mais velhos, com a memória ainda dos grandes brancos das Gaeiras, será como reviver o passado. Já os mais novos poderão começar a construir as suas próprias memórias.

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