A frase do líder do Comité Nacional Republicano, Reince Priebus, mostra a intenção de transformar as eleições intercalares num referendo à avaliação do desempenho de Barack Obama na Casa Branca. Um apelo que pode resultar na primeira maioria republicana no Senado desde 2004.
A hecatombe não é certa mas as contas não favorecem os democratas. Sete das 10 corridas ao Senado em que as sondagens não conseguem adivinhar o vencedor (diferenças inferiores a 5% na intenção de voto) correspondem a cargos actualmente ocupados por estes. Em quatro desses sete estados, os republicanos levam vantagem, noutros dois a liderança democrata é inferior a 2,5%.
E se os republicanos trouxeram Obama para a campanha, os democratas tentaram evitá-lo, principalmente depois de este ter afirmado no início de Outubro que eram as suas “políticas económicas” que estavam em causa. “Temos divergências com a Casa Branca, mas também há muita coisa em que concordamos”, disse recentemente o chefe de gabinete do líder democrata no Senado, Harry Reid.
Agenda em risco
Para quem passou os últimos quatro dos seis anos de presidência a queixar-se da maioria republicana na Câmara dos Representantes (intocável na terça-feira e com hipóteses de crescer), acusando-a de paralisar os principais projectos da Casa Branca, o cenário de um Senado republicano não podia ser pior.
Desde a reforma da imigração, prometida para este segundo mandato, à revisão dos impostos, passando pelo combate ao extremismo do Estado Islâmico no Iraque e na Síria, nenhum ponto da agenda presidencial tem garantia de aprovação junto dos legisladores. E até a reforma 'Obamacare' volta a estar em causa, com candidatos republicanos a prometerem ao eleitorado suspender os fundos que permitiram ao Presidente alargar o acesso a seguros de saúde a 20 milhões de pessoas.
Os republicanos, que são acusados de paralisar Washington – a disputa partidária dos últimos anos já levou a dois 'apagões' orçamentais no país -, defendem que o novo Congresso irá aumentar a produtividade. “A diferença será que agora o Presidente terá mesmo de optar entre aprovar ou vetar uma lei, porque haverá mais leis a chegar à Casa Branca”, diz, em jeito de provocação, o líder da até agora minoria republicana na câmara alta, Mitch McConnell.