Para onde foram os antecessores de Durão

Um regresso à política activa como o de Romano Prodi? Ou um percurso mais discreto em instâncias internacionais como o de Jacques Delors e de Jacques Santer? Olhando para o que aconteceu aos ex-presidentes da Comissão Europeia dos últimos 30 anos, as possibilidades de Durão Barroso são várias.

Para onde foram os antecessores de Durão

Jacques Delors, Jacques Santer e Romano Prodi

Se quiser seguir as pisadas do seu antecessor, o italiano Romano Prodi, o futuro pode passar pela política. Mal saiu de Bruxelas, em 2004, Prodi entrou em força na política italiana. Foi o primeiro a introduzir o sistema de primárias na Europa e isso valeu-lhe uma tal popularidade, que 70% dos quatro milhões de votantes nessas eleições optaram por ele.

Romano Prodi foi eleito nas legislativas de 2006, como primeiro-ministro de uma coligação de centro-esquerda. Foi o regresso à liderança de um governo – tinha sido primeiro-ministro entre 1996 e 1998, tendo sido nomeado presidente da Comissão em 1999.

O segundo mandato de Prodi revelou-se tudo menos pacífico, graças a um escândalo de corrupção, envolvendo o seu ministro da Justiça, e à forte oposição ao envio de tropas italianas para o Afeganistão. As crises políticas acabaram por fazê-lo resignar em 2008, depois de ver chumbada pelo Senado uma moção de confiança

Prodi não se deu, porém, por vencido e em 2013 chegou a ser hipótese para Presidente de Itália. O seu nome foi alvo de votações pelos deputados, mas acabou por sair da corrida depois de obter apenas 395 dos 504 votos de que precisaria para ser eleito.

Barroso ainda tem tempo

Foi só aí que Prodi atirou a toalha ao chão e saiu da política, dedicando-se a actividades de cooperação internacional entre África e as Nações Unidas – com as quais já colaborava desde 2008.

Muito diferente foi o percurso do mais emblemático presidente da Comissão – e o único a cumprir três mandatos. Jacques Delors recusou sempre o regresso à política francesa, não aceitando ser candidato presidencial em 1994, quando as sondagens lhe davam boas hipóteses de ganhar.

Depois de sair da Comissão em 1994, preferiu dedicar-se às questões da Educação, na UNESCO, e a participar em vários think tanks sobre o federalismo e a Europa.

Percurso idêntico teve o luxemburguês Jacques Santer, que tem mantido o low profile desde que saiu da Comissão em 1999. Santer ainda ficou no Parlamento Europeu até 2004. Hoje, é presidente do Grupo Europa e de várias outras organizações europeias e faz parte da administração do grupo de media RTL.

A verdade é que Durão Barroso é muito mais novo do que os seus antecessores à saída do cargo. Durão tem 58 anos. Delors tinha 70, Prodi 69 e Santer 62. O português tem ainda vários anos pela frente se quiser ser candidato presidencial. Daqui a dez anos terá 68 anos. Cavaco tinha 66 quando foi eleito pela primeira vez.

margarida.davim@sol.pt