Norte-americanos vão hoje às urnas. Pode Obama salvar o Senado?

De dois em dois anos, os norte-americanos são chamados às urnas na primeira terça-feira de Novembro. Em metade das vezes escolhem o Presidente, em todas elegem os 435 membros da Câmara dos Representantes e um terço dos 100 senadores. Quando não há voto presidencial, como hoje, estão em jogo os cargos de governador em 34…

Norte-americanos vão hoje às urnas. Pode Obama salvar o Senado?

Nas eleições intercalares desta terça-feira as atenções estão centradas no Senado. Desde que chegou à Casa Branca em 2009, Barack Obama contou sempre com uma maioria democrata na câmara alta do Congresso, que o ajudou a contrariar a maioria republicana instalada na Câmara dos Representantes desde 2011.

E se a oposição promete aumentar o seu domínio da câmara baixa – se chegarem aos 245 eleitos, os republicanos formam a sua maior representação no Capitólio desde que Harry Truman foi Presidente –, a vantagem democrata no Senado está sob ameaça na votação que assinala o 100.º aniversário da primeira eleição directa dos seus representantes.

E os primeiros sinais poderão chegar logo às 19h30 na costa leste dos Estados Unidos (00h30 em Lisboa), com o fecho das urnas na Carolina do Norte, onde a democrata Key Hagan tenta manter o posto de senadora numa luta que se prevê renhida com o republicano Thom Tillis.

A corrida da Carolina do Norte é uma das oito eleições ao Senado que não conta com um vencedor antecipado pelas sondagens. E Key Hagan é uma de seis democratas que estão em risco de perder o cargo nessas corridas. Da sua resistência ao desgaste provocado por seis anos de Governo Obama (foi na baixa popularidade do Presidente que os republicanos apostaram durante a campanha) pode depender o sucesso da noite democrata, pois o partido não pode acumular mais de duas derrotas nessas seis tentativas de reeleição marcadas pelo equilíbrio.

E à mesma hora já deve haver uma troca de lugares anunciada. A Virgínia Ocidental é um dos três estados onde a substituição de um democrata por um republicano parece garantida, tal como no Dacota do Sul e Montana, onde as urnas fecham umas horas mais tarde.

Pouco depois (01h em Lisboa) fecham as urnas na maior parte dos estados do lado Este dos EUA, com destaque para a corrida ao Senado em New Hampshire, onde os ataques à reforma de saúde de Barack Obama dificultaram a vida à tentativa de reeleição de Jeanne Shaheen. Andy Smith, director do centro de pesquisas da Universidade de New Hampshire, disse ao USA Today que uma “derrota de Shaheen indicará que os democratas estão mesmo em má forma, que serão derrotados por todo o lado”.

Às 21h da costa Leste dos EUA (02h em Portugal continental) as sondagens à boca da urna podem ajudar a clarificar um pouco o que será o resto da noite. O Kansas pode trazer um dos raros amargos de boca da noite aos republicanos, com o Senador Pat Roberts a ver a reeleição ameaçada pelo independente Greg Orman.

Orman já avisou que só anunciará em que bancada parlamentar se sentará no Senado depois de saber de que lado está a maioria.

Ao mesmo tempo, mais dois democratas tentam salvar a pele no Colorado e Louisiana. Destaque para este último, onde mais uma vez está nas mãos de uma mulher o controlo político que Obama poderá exercer sobre o Congresso nos seus dois últimos anos na Casa Branca. Mary Landrieu tenta a reeleição face a Bill Cassidy, mas esta corrida tem a particularidade de ter de ser vencida com mais de 50% dos votos.

Ou seja, se nenhum dos candidatos chegar à tão desejada marca, será agendada uma segunda volta para Dezembro. Um pormenor que, com os dois partidos tão próximos dos 51 senadores que formam a maioria, pode deixar o Senado sem liderança clara após estas eleições. 

Até porque na Georgia existe a mesma regra e aí é um republicano que tenta a reeleição contra o adversário democrata e um independente – o que aumenta as probabilidades de nenhum deles chegar aos 50% na primeira volta. Na Georgia existe ainda a agravante da segunda volta estar marcada apenas para 6 de Janeiro, o que ameaça prolongar o vazio de poder até 2015.

E mesmo que as segundas voltas sejam evitadas, o futuro político de Washington só estará clarificado na manhã de quarta-feira, pois entre as várias ameaças à maioria democrata está o cargo de senador pelo Alasca, cujas urnas fecham apenas às 06h nas horas portuguesas. 

nuno.e.lima@sol.pt