Presidente da República contra ‘desmembramento’ da PT

O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, defendeu hoje que deveria ser evitado o “desmembramento” da PT SGPS, considerando ser “legítimo” os portugueses questionarem os accionistas e gestores da empresa sobre o trabalho desenvolvido ao longo dos tempos. 

Presidente da República contra ‘desmembramento’ da PT

"O que eu espero e penso que é o que de melhor poderia acontecer para Portugal neste momento era que se evite o desmembramento da empresa", disse Cavaco Silva, que falava aos jornalistas em Estremoz, durante uma visita ao Alentejo.

"Eu penso que é legítimo, apesar de se tratar de uma empresa privada e brasileira, é legítimo, pelo menos, fazer uma pergunta: o que é que andaram a fazer os accionistas e os gestores desta empresa. É, pelo menos, esta pergunta que os portugueses têm o direito de colocar", acrescentou.

A Terra Peregrin — Participações SGPS, da empresária angolana Isabel dos Santos, anunciou no domingo à noite o lançamento de uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) sobre a PT SGPS, oferecendo mais de 1,21 mil milhões de euros pela totalidade das acções da empresa portuguesa, ao preço de 1,35 euros por acção.

O Presidente da República falava aos jornalistas no final de uma visita ao Alentejo, com passagens pelos concelhos de Estremoz e Borba.

Nas declarações aos jornalistas, Cavaco Silva lamentou ainda que a "transferência da propriedade" de empresas portuguesas para o estrangeiro resulte dos "desequilíbrios" das contas externas e do endividamento externo português ao longo dos tempos.

"Quando um país compra ao estrangeiro muito mais do que aquilo que lhe vende, a diferença tem que ser financiada ou por empréstimos ou pela entrega de activos que nós possuímos e no passado nós acumulamos grandes desequilíbrios externos", afirmou.

"Eu sempre disse, nessa altura, antes de ser Presidente da República, que um dia iríamos assistir, por causa desses défices externos que acumulamos, que chegaram a atingir 10 por cento da produção nacional, que iríamos assistir à transferência de activos nacionais para o estrangeiro", recordou.

Questionado pelos jornalistas sobre os alegados indícios de actos ruinosos no BES, o Presidente da República apenas referiu que não possui informação para acrescentar "alguma coisa" face ao que tem sido divulgado pela imprensa.

"Todos nós estamos confiantes que isso aconteça [apuramento de responsabilidades], mas não tenho informação para acrescentar mais alguma coisa face aquilo que tem sido dito e publicado", disse.

O Presidente da República falava aos jornalistas no final de uma visita ao Alentejo, com passagens pelos concelhos de Estremoz e Borba.

Lusa/SOL