Mercedes multada por falsificar selos

A Mercedes-Benz Portugal e outros três arguidos foram obrigados a pagar cinco mil euros aos CTT por terem produzido, há três anos, vários selos para brochuras publicitárias. O Ministério Público (MP) concluiu que a empresa, dois ex-funcionários e o proprietário de uma gráfica cometeram um crime de contrafacção de selos, mas resolveu não levar o…

“Ficou pericialmente provado que os selos não são autênticos, não tendo sido produzidos nem postos em circulação pela única autoridade competente em Portugal para o fazer (CTT)” – lê-se no despacho final do processo, assinado em Julho passado pela procuradora-adjunta Rita Teixeira, do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa. 

Os selos foram entretanto retirados de circulação e a própria Mercedes ficou “incumbida de contactar os clientes explicando-lhes a situação”, para evitar a “proliferação” dos selos que não foram retidos pelos CTT. 

A Mercedes reconheceu a prática dos factos e, como os outros arguidos, manifestou vontade de ressarcir a empresa – o que, em parte, levou a procuradora da República a não deduzir acusação, optando antes por suspender o processo, impondo aos arguidos a obrigação de pagarem, entre si, cinco mil euros aos CTT pelo prejuízo causado (que, numa primeira fase, chegou a ser calculado em cerca de 150 mil euros). 

O facto de não ter sido, desde então, produzido qualquer outro selo do género e de os arguidos não terem antecedentes criminais nem revelarem um grau de culpa elevado também pesou a seu favor. 

Caso denunciado em 2011

O caso foi denunciado em 2011 pelos CTT, que na altura descobriram, na sua rede, um selo com a imagem de um carro da marca alemã incluído numa brochura que a Mercedes distribuíra por altura do Natal aos seus clientes. 

Isto depois de a empresa automóvel já ter solicitado aos CTT (no âmbito de um programa de produção de selos personalizados) um orçamento precisamente para produzir a dita brochura com duas partes distintas: uma com seis postais e outra com 12 selos com fotografias de produtos comercializados pela marca. 

A verdade é que a Mercedes acabou por nunca contratar os serviços dos CTT e, no entanto, mandou produzir selos idênticos aos verdadeiros, inclusive com o mesmo tipo de letra, distribuindo-os depois a alguns clientes, que os usaram convencidos da sua autenticidade. O MP não os responsabilizou, porque considerou que não tinham conhecimento da situação nem consciência da sua ilegalidade. 

sonia.graca@sol.pt