Quercus acusa proprietário de obra em Castelo do Bode de crime de desobediência

A associação ambientalista Quercus apresentou, no início deste mês, uma queixa à Procuradoria-geral da República (PGR) contra uma “obra ilegal” que se mantém em crime de desobediência junto à barragem da Albufeira de Castelo de Bode, em Ferreira do Zêzere. 

Em causa, denunciam os ambientalistas, estão escavações numa encosta da zona de protecção do Plano de Ordenamento da Albufeira do Castelo do Bode e condicionada pela Reserva Ecológica Nacional, devido ao “risco de erosão”. Verificou-se, após as chuvas, o arrastamento de terras para a albufeira e existe o risco de deslizamentos de rochas, que colocam em causa a segurança de pessoas e bens.

As escavações, sublinha a Quercus em comunicado, foram detectadas já em Maio 2013 mas, apesar de a câmara de Ferreira do Zêzere ter então informado a Agência Portuguesa do Ambiente do que estava a acontecer, mais de um ano passado, as escavações continuam.

O proprietário do grupo José Cristovão, promotor da obra em causa, recebeu uma segunda notificação em Abril deste ano para suspender os trabalhos e apresentar um processo de regularização. 

Contudo, assinalam os ambientalistas no mesmo documento, apesar desta segunda notificação, os trabalhos continuaram, pelo que foi novamente solicitada a sua suspensão, bem como a apresentação do processo de regularização, “alertando-o para o crime de desobediência em que incorria”.

A Quercus acusa agora o promotor de “crime de crime de desobediência”, e lembra que este está sujeito a pena de prisão.

Por outro lado, lamentam os ambientalistas, a obra continuava ontem “sem embargo”. Uma situação que a Quercus considera “inexplicável”, uma vez que o SEPNA, da GNR, “confirmou a alteração de relevo”, e “elaborou um auto de notícia por contra-ordenação, remetido para a Administração da Região Hidrográfica do Tejo da APA para instrução do respectivo processo”. 

Também a Inspecção-geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território não tomou teve “até ao momento, uma actuação firme”.

Por considerar “muito grave esta situação, com uma obra a decorrer “ilegalmente e em crime de desobediência”, a Quercus optou agora por recorrer à Justiça, apresentado, a 3 de Novembro uma queixa na PGR, em que requer medidas penais “em conformidade” e o “embargo efectivo com apreensão da maquinaria a favor do Estado”.

sonia.balasteiro@sol.pt