Imigrantes

A liberdade de circulação de pessoas é a mais fundamental das liberdades fundadoras do mercado único europeu e o verdadeiro cimento unificador da UE. As outras liberdades são obviamente importantes, mas é o livre fluxo de pessoas através de fronteiras nacionais que captou as imaginações e verdadeiramente aproximou os povos.

As pressões populistas anti-imigração estão a fazer o seu caminho um pouco por todo o lado. Se a estagnação económica se prolongar na Europa, propagar-se-ão como fogo em mata seca – tão mais rapidamente quanto mais rapidamente os políticos mainstream capitularem. No fim, será a própria UE que arderá. Atente-se no Reino Unido, onde as cedências de David Cameron ao UKIP ameaçam a sua permanência na União.

A grande maioria dos imigrantes na UE (talvez dois terços) provêm de países de fora da União. Muitas vezes a sua cultura e hábitos socais chocam com os dos residentes. A sua integração nas sociedades acolhedoras é um problema complexo, para o qual não existem respostas fáceis. Mas são também encarados por muitos com a esperança de poderem compensar em parte os desequilíbrios resultantes do envelhecimento das populações europeias.

Não obstante os aspectos sociais e culturais, as atitudes do público face à imigração são em grande medida moldadas por factores económicos, com destaque para dois: os efeitos no mercado de trabalho e o impacto nos impostos pagos pelos nativos dos países de acolhimento.

A imigração é um misto de efeitos económicos positivos e negativos. Os ganhadores são quem contrata imigrantes ou compra os bens e serviços que estes produzem. Os perdedores são aqueles que competem com os imigrantes por empregos no mercado de trabalho e os contribuintes que pagam os custos dos bens públicos e programas sociais usufruídos pelos imigrantes e pelos seus filhos.

Esta distribuição de efeitos está bem reflectida nos resultados de inquéritos de opinião na Europa que mostram que são os cidadãos mais educados e os mais jovens que têm uma atitude mais positiva face à imigração. Uns ganham, outros perdem, portanto. Mas, tudo por junto, o efeito líquido agregado é, a crer na generalidade dos estudos, insignificante.

Os governos da Europa não devem, pois, ceder à demagogia. Mas, como os efeitos da imigração são muito heterogéneos e diferem de época para época e de país para país, é necessário estudá-los permanentemente. A ignorância combate-se com conhecimento e informação. Mas sobretudo é preciso nunca perder de vista que o melhor modo de fazer com que o impacto líquido da imigração seja positivo é investir na educação dos seus filhos.