“Depois de tanto ruído, tanta mobilização, tanto dinheiro público gasto, depois de terem transformado o assunto no único que ocupou o Governo da Generalitat durante esta legislatura, quando esperavam uma participação massiva e um resultado avassalador a favor dos convocantes, resulta que das suas próprias contas – as deles – a grande maioria dos catalães recusou juntar-se ao empenho de Artur Mas. Dois terços dos catalães nem sequer se deram ao trabalho de participar – dois em cada três não quiseram saber”, disse o líder do Governo de Madrid em conferência de imprensa ao início da tarde.
Mariano Rajoy não se referiu aos resultados da consulta – dos pouco mais de dois milhões de catalães que votaram, 81% escolheu a via de um Estado independente separado de Espanha – mas não fugiu à análise político de uma votação que diz “não cumprir nenhum requisito” para que seja considerada legal: “Na Catalunha há muito mais catalães que independentistas” e Artur Mas “não poderá cumprir o seu objectivo sem provocar uma enorme fractura na sociedade catalã e sem afectar gravemente a paz social”.
“Mas sugeriu que voltássemos ao diálogo”, disse Mariano Rajoy, antes de acrescentar que “todos sabem que o diálogo de Mas é querer impor um referendo de verdade, uma consulta definitiva”. “Nunca me neguei a diálogo, mas que fique claro que em todo o diálogo em que eu participarei será marcado sempre pelos limites que estabelece a constituição e as obrigações do meu cargo”, disse o líder do Partido Popular no Palácio da Moncloa, em Madrid.
O líder do Governo apontou ainda o “único caminho” que os independentistas catalães podem seguir para cumprir o seu objectivo. “Se Mas quer alterar a Constituição tem todo o direito, o Parlamento catalão está capacitado para iniciar uma reforma constitucional”. “Era o que devia ter feito desde o início”, lembra Rajoy, garantindo que “Mas sabe-o”, pois foi informado pelo líder de Madrid nas conversas que mantiveram – “e foram muitas”, acrescentou Rajoy.
“Tem um caminho para conseguir o que quer, um caminho legal e inegável”, mas “o que não tem, aparentemente, são os apoios para concretizá-lo”, disse Rajoy lembrando que a proposta de reforma constitucional teria de ser enviada para Madrid, onde os partidos contra a independência estão em larga maioria. Para reforçar a ideia, o líder do PP lembrou que ele e o seu partido serão contra qualquer proposta de reforma “que liquide a soberania nacional”.
A terminar, Rajoy referiu-se aos dois terços de catalães que não foram às urnas, para que estes “saibam que a sua posição também existe, não só a de Artur Mas”. Uma posição que foi a vencedora, segundo Madrid, tornando um “acto ilegal num profundo fracasso”.
