Morreu meteorologista Anthímio de Azevedo

O meteorologista Anthímio Azevedo morreu hoje aos 88 anos, informou o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), considerando que o seu desaparecimento “deixa a meteorologia nacional de luto”.

"Faleceu hoje Anthímio José de Azevedo, um dos maiores profissionais portugueses de meteorologia e grande divulgador da meteorologia e da física do clima", adiantou o IPMA em comunicado.

"O desaparecimento de Anthímio de Azevedo deixa a meteorologia nacional de luto, e em especial o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, onde desenvolveu uma grande parte da sua actividade profissional, e onde foi um dirigente relevante", acrescenta o comunicado.

O IPMA destaca ainda a presença de Anthímio de Azevedo nos espaços meteorológicos televisivos, considerando que "foi para muitos a cara da meteorologia portuguesa".

Anthímio José de Azevedo nasceu em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, Açores, a 27 de Abril de 1926.

Formando em Ciências Geofísicas pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, tornou-se um dos rostos mais conhecidos da televisão, tendo dado a cara pela meteorologia portuguesa na televisão pública nas décadas de 60, 70 e 80, segundo nota biográfica distribuída pelo IPMA.

Anthímio de Azevedo fez o seu percurso profissional no Serviço Meteorológico Nacional e no Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica, antecessores do Instituto Português do Mar e da Atmosfera.

Nas décadas de 60 e 70 passou pela Guiné-Bissau, onde dirigiu os serviços meteorológicos da antiga colónia portuguesa e, posteriormente, como perito da Organização Meteorológica Mundial, coordenou a organização do novo serviço nacional de meteorologia e a formação dos seus quadros.

O último cargo institucional que ocupou foi o de director do serviço de meteorologia dos Açores.

Depois de aposentado, manteve a sua actividade de divulgação das previsões meteorológicas, nomeadamente na estação privada de televisão TVI (1992 – 1996).

Dedicou-se ainda à escrita e tradução de livros científicos, com foco na meteorologia e climatologia e interesse particular pelos fenómenos de tempo adverso e mudanças climáticas.

Anthímio de Azevedo por Costa Alves

Manuel Costa Alves conheceu Anthímio de Azevedo em 1969, quando entrou para o então Serviço Meteorológico Nacional. "Ele pertencia a uma geração anterior à nossa, foi a pessoa que nos abriu caminhos nas novas tecnologias ao serviço da meteorologia. Até àquela altura, a meteorologia que se fazia no país era uma meteorologia subjectiva", lembra Costa Alves. 

Recorda ainda que "no início dos anos 70", Anthímio de Azevedo "esteve à frente da emissão de dados dos satélites meteorológicos, coordenando este salto e, mais tarde, da utilização da informática ao serviço da meteorologia". Daí que, considera, a importância do ‘sr. Meteorologia’, como ficou conhecido Anthímio de Azevedo, é indiscutível: "É um homem que ficará para a história pela sua importância como divulgador da informação meteorológica", diz o cientista, referindo-se à presença assídua do meteorologista na previsão do tempo da RTP, nos anos 60 e mais tarde, a partir de 1994 na TVI, onde passou a coordenar uma equipa de três meteorologistas que davam a informação meteorológica todas as noites, no Jornal da 8: "Ele tinha capacidades inatas enquanto comunicador que o faziam sobressair. Quando falava de meteorologia, entrava nos olhos dos telespectadores", define o discípulo.