Carlos Carreiras: ‘Bloco Central é um fim de linha’

Um Governo sem maioria deve preferir acordos de incidência parlamentar a acordos de governo. Descontentes do PSD, o vice-presidente do PSD, acredita, não irão votar no PS.

Carlos Carreiras: ‘Bloco Central é um fim de linha’

Exclui o PS de uma coligação de governo em 2015, se o PSD não tiver maioria para governar?

Já percebemos que se António Costa ganhar as eleições não quererá fazer coligação com o PSD e o CDS, quererá fazê-la com o PCP e o BE. Repare no seguinte: Costa foi eleito candidato a PM pelo PS e o seu primeiro acto público foi ir a um encontro do partido Livre. Mas o PSD continuará sempre disponível, quer para acordos de governo para acordos de ordem parlamentar. Acredito que, se assim não for, a próxima legislatura pode não ser concluída nos quatro anos e isso seria muito mau para o país.

O Presidente da República deixou subentendido que só dará posse a um Governo com maioria parlamentar. E se só se resolver com um Governo de Bloco Central, como será?

À partida, reajo mal aos governos de Bloco Central. Têm o perigo de representar o colapso do sistema democrático, porque a partir daí não há alternativa ou as que há são muito radicais. É um fim de linha. Mas depende de qual é a gravidade da situação em cada momento. Tem de haver uma confluência genuína de posições em relação ao futuro. Sendo que preferiria sempre que se alguém não tiver maioria parlamentar estabeleça acordos de incidência parlamentar e não acordos de governo.

Muitos militantes e apoiantes do PSD foram afectados pelas duras medidas dos últimos anos. O seu partido corre o risco de vê-los fugir para o PS?

Não acho. Considero que muitos deles são recuperáveis. Na hora da verdade, vão perceber o que está em jogo. E os que não o compreenderem farão uma transferência quanto muito para a abstenção porque mesmo para esses ficará evidente que o PS não é a solução para o país.

sofia.rainho@sol.pt