Vítor Bento sondou Governo para auxílio estatal

A ministra das Finanças, que está hoje a ser ouvida pelos deputados da comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do GES, foi questionada sobre as várias soluções para a situação do banco e os pedidos que lhe foram dirigidos, nomeadamente de Vítor Bento – que substituiu Ricardo Salgado em Julho.

Vítor Bento sondou Governo para auxílio estatal

Maria Luís Albuquerque confirmou que manteve uma reunião com Vítor Bento no dia 30 de Julho. Foi solicitada pelo gestor, na sequência dos prejuízos de 3,6 mil milhões de euros que o BES tinha apresentado no primeiro semestre.

O banco precisava de capital e Vítor Bento, acompanhado pelo administradores José Honório e João Moreira  Rato, questionou a possibilidade de ser seguida a solução desenhada para o Banif – neste  banco, o Estado injectou fundos públicos no banco através de acções e de um empréstimo.

Mas a ministra precisou que o ex-presidente do BES “não fez qualquer pedido”: manifestou apenas preocupação e sondou a ministra sobre a adopção de uma eventual solução de recapitalização pública idêntica à do Banif.

“Perguntou-me se seria possível e eu respondi que não porque a legislação tinha mudado”, explicou a ministra.

Segundo Maria Luís Albuquerque, o gestor foi informado nessa altura que as novas regras de auxílios públicos implicavam que os accionistas e credores subordinados do BES sofressem perdas, pelo que a essa possibilidade já não estava disponível. 

“Vítor Bento estava naturalmente preocupado com os prejuízos que colocaram o banco abaixo do nível de solvabilidade”, referiu a ministra, quando questionada por eventuais discrepâncias face às suas anteriores declarações sobre esta matéria.

“O Dr. Vítor Bento perguntou-me se o modelo de recapitalização era válido. Tal como aconteceu no Banif. Ele referiu aquele exemplo como poderia ter mencionado qualquer outro. Uma pergunta não é um pedido”, justificou.

“Para que o Dr. Vítor Bento pudesse fazer um pedido de recapitalização pública teria de estar mandatado pelos seus accionistas. Pela maneira como a pergunta foi formulada não poderia ser uma proposta que ele tivesse em condições de formular naquele momento”. Por isso, “não houve nem aceitação, nem rejeição”, garante a ministra.

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