A dívida, o défice, e os partidos

Acabo de ler no SOL os últimos dados do Banco de Portugal sobre a dívida pública portuguesa, e os números são uma lástima. No final de Setembro, a dívida ascendia a 132% do PIB. É certo que Portugal construiu uma reserva de liquidez para não ficar totalmente dependente das oscilações dos mercados. Mas, mesmo descontando…

O tratado de Maastricht, que estabeleceu as condições para a criação do euro, impôs aos países fundadores da moeda única europeia um limite para a dívida pública de 60% do PIB. Nós, neste momento, temos o dobro, e somos dos países europeus mais endividados.

Não quero escrever agora sobre o manifesto que pede a renegociação da dívida, do qual discordo, pois penso que qualquer solução de renegociação seria ainda mais penosa para os portugueses.

Mas não nos devemos esquecer do como se gerou a dívida: ela é a soma de défices do Estado acumulados. O Estado português tem as suas contas em desequilíbrio desde 1973, e o resultado é esta montanha de dívida, que consome, em juros, 7.800 milhões de euros por ano.

Seria pois desejável que a dívida parasse de crescer, primeiro, e começasse a descer, depois. E, para isso, há que pôr as contas do Estado em ordem, isto é, terminar com o défice.

Já ouvi Maria Luís Albuquerque e Passos Coelho, recentemente, a dizerem que o défice tem de ser eliminado, e saúdo esse propósito dos dois governantes.

Do PS, até ao momento, nada. Acho que seria óptimo se, no momento adequado, o PS assumisse esse mesmo objectivo, de eliminar o défice. Ficará assim alcançado um amplo consenso nacional sobre como lidar com um dos maiores problemas que enfrentamos.