Costa não queria mas teve de falar de Sócrates

António Costa não falou de Sócrates no seu discurso de vitória, esta noite, no Largo de Rato. Eleito com 96% dos votos nas eleições directas para secretário-geral, disse que era tempo de “o PS se concentrar no essencial” que é construir uma alternativa política ao Governo actual. Mas nas perguntas o assunto foi apenas Sócrates.

Costa não queria mas teve de falar de Sócrates

O novo líder socialista respondeu em linha com o que tinha feito no SMS enviado hoje de manhã aos militantes: vai respeitar a independência da justiça. "Não verá do PS nem comentários sobre este processo judicial nem outros", respondeu aos jornalistas.

Perante uma plateia de socialistas em que se notavam vários nomes do socratismo, de Edite Estrela a Capoulas Santos, Costa recebeu um aplauso estrondoso quando defendeu o ex-primeiro-ministro. "O PS é um partido que não adopta as más práticas  do estalinismo de eliminação da fotografia. Tem orgulho na sua História o PS".

Antes das perguntas, a mensagem de Costa foi subliminar, para fora e para o interior do partido. No essencial, o líder do PS afirmou a vontade de se concentrar na construção de um projecto. "É tempo de desenvolvermos a nossa alternativa", disse.

Antes, Joaquim Raposo, o responsável pelo processo eleitoral, tinha anunciado que Costa conquistara 96% dos votos, correspondentes a 22.702 militantes. Um resultado abaixo dos 26 mil votos conquistados por António José Seguro, na reeleição como secretário-geral, sem um opositor de peso, e dos mesmos 26 mil obtidos por Sócrates, sem oposição, em 2006.

Raposo esclareceu que o universo eleitoral destas directas era menor que o das primárias. Nestas últimas, todos os militantes, com ou sem quotas em dia, puderam votar. Dos 90 mil que tiveram capacidade de voto nas primárias, estas directas ficaram reduzidas a 47 mil militantes com capacidade eleitoral.

manuel.a.magalhaes@sol.pt