Num "cenário hipotético", e se a dimensão entre o valor injectado no banco e o valor da futura venda for muito elevado, poderá ser todavia definida uma "estrutura de financiamento que se prolongue no tempo", mas sempre com uma condição: "São os bancos que têm de pagar essa diferença", disse José Ramalho, também vice-governador do Banco de Portugal (BdP).
O responsável falava em audição na comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do Grupo Espírito Santo (GES), estando José Ramalho a ser ouvido desde as 15h00 de hoje.
"Se a diferença for muito grande, não forçaremos naturalmente os bancos a pagar de imediato", disse aos parlamentares o presidente do Fundo de Resolução da Banca, referindo-se a uma eventual diferença entre o valor injectado no Novo Banco e a venda futura da instituição.
Na semana passada, o governador do BdP, Carlos Costa, disse haver "indicação de que há interessados" na compra do Novo Banco, acrescentando que, se for encontrada uma solução na qual seja garantida, por exemplo, a "concessão de crédito necessária" à economia, ter-se-á "passado ao lado de uma tempestade".
O governador reconheceu ainda que pode ser feito um "pequeno desconto" na venda do banco face ao dinheiro injectado pelo Fundo de Resolução (4,9 mil milhões de euros).
A comissão de inquérito à gestão do BES e do Grupo Espírito Santo (GES) arrancou na semana passada e José Ramalho é a sétima personalidade a ser ouvida no parlamento.
A comissão de inquérito tem um prazo de 120 dias, que pode eventualmente ser alargado.
A 3 de Agosto, o Banco de Portugal tomou o controlo do BES, após a apresentação de prejuízos semestrais de 3,6 mil milhões de euros, e anunciou a separação da instituição em duas entidades: o chamado banco mau (um veículo que mantém o nome BES e que concentra os activos e passivos tóxicos do BES, assim como os accionistas) e o banco de transição que foi designado Novo Banco.
Lusa/SOL