Tornar o Mundo mais colorido

Já plantou uma árvore, teve filhos (filhas, neste caso) e escreveu agora um livro. Das três coisas que um homem deve fazer em vida – de acordo com as palavras do poeta cubano José Martí -, Júlio Rodrigues acabou agora de completar a trilogia, com o lançamento do livro infantil ‘Mundo de Cor’ (Bookout). A…

Já plantou uma árvore, teve filhos (filhas, neste caso) e escreveu agora um livro. Das três coisas que um homem deve fazer em vida – de acordo com as palavras do poeta cubano José Martí -, Júlio Rodrigues acabou agora de completar a trilogia, com o lançamento do livro infantil 'Mundo de Cor' (Bookout). A inspiração maior para o escrever veio-lhe precisamente de um dos vértices deste triângulo, as filhas que teve: Rita, com 14 anos, e Margarida, com apenas três. “Entrei no mundo mágico das minhas filhas, em que para elas tudo é possível”.

É assim que o autor começa a desfiar a história que narra, toda ela em rima. Entremos, pois, nesta prosa simples, terna e colorida que evoca um mundo mais feliz, aberto à diferença e ao sonho, e onde a protagonista é a Margarida – esteve para ser Margarita, a junção do nome das duas filhas de Júlio, mas como ficava um pouco 'espanholado' a editora sugeriu a troca. Margarida é uma menina diferente (colorida), num mundo completamente sem cor, cinzento, e que a páginas tantas pergunta: “Por que não pode ser tudo mais colorido? O mundo às cores é muito mais divertido!”. E a partir daqui, à medida que se vai folheando o livro, a menina vai pintando o seu mundo de mil cores, desde o céu, à terra, passando pelo sol, pelos bichos ou pelas flores.

 “É um texto sobre a diferença no geral, com uma mensagem muito positiva. Apesar de a Margarida ser uma menina diferente, conseguiu mudar o mundo que a rodeava. Deu-lhe cor, alegria, sonhos e esperança. Afinal, tudo o que todos queremos”, diz o autor. Aos 40 anos, Júlio Rodrigues, que trabalha na área de tratamento de imagem do semanário SOL, revela que esta não é a sua estreia no mundo da escrita, apesar de só agora dar a conhecer esta sua faceta ao público. “Sempre escrevi, mas coisas íntimas, muito particulares, que ficam só para mim”.

Agora, teve “a ousadia de sonhar e de ir mais além” e resolveu partilhar o seu 'Mundo de Cor'. Escreveu-o em pouco menos de uma hora, gostou do resultado e enviou-o para a editora, sob anonimato – “uma vez que já me conheciam e não queria que houvesse 'simpatias'“ -, acharam piada à prosa e à ideia – “de o livro começar a preto e branco e ser a própria história a colori-lo” -, contrataram o ilustrador Paulo Oliveira e eis-nos chegados aqui, com o livro já nos escaparates desde o passado dia 12. “Devo dizer que se eu pus a alma no livro, o Paulo deu-lhe corpo. Sem nos conhecermos, ele conseguiu descodificar tudo o que queria transmitir. Não acredito em coincidências. Este é um projecto que tinha de acontecer. E é uma bonita recordação que fica para as minhas filhas para sempre. Nem que seja só isso”.

Fotografia: José Sérgio/SOL

filipa.moroso@sol.pt