Jorge Coelho quer justiça a funcionar ‘sem pressões’ no caso Sócrates

O ex-ministro e dirigente do PS Jorge Coelho quer a “justiça a fazer o que lhe compete sem pressões”, no caso da investigação e julgamento das suspeitas sobre José Sócrates. Justificando que é “muito conservador” no que toca ao funcionamento “das instituições fundamentais”, disse que quer ver “o Estado de Direito a funcionar em pleno”.

Jorge Coelho quer justiça a funcionar ‘sem pressões’ no caso Sócrates

Na sua estreia como comentador no programa Quadratura do Círculo, da SIC Notícias, Coelho considerou que as instituições neste momento estão a funcionar e que "tem esperança que continue assim até ao fim". O Estado de Direito "é vital", reiterou.

Antes, Coelho fez uma "declaração de interesses", sobre a sua amizade de 30 anos com Sócrates, transmitindo a sua "solidariedade" ao ex-secretário-geral do PS preso preventivamente por corrupção, fraude fiscal e branqueamento de capitais. A Sócrates deve ser permitido "fazer a sua defesa", sublinhou ainda.

Quanto ao PS e a António Costa, além de terem de respeitar "a hora da justiça" devem também empenhar-se em, "no meio disto tudo", "cumprir a sua função de desenhar uma política alternativa para o país. 

Referindo-se ao congresso do PS, disse que "a campanha eleitoral vai começar no domingo". O PS vai "redobrar a força", previu.

Instado a comentar as declarações de Mário Soares, que considerou o processo contra Sócrates como um caso político, Coelho foi cauteloso. Terá Soares exagerado? – foi a pergunta. "Não vou comentar. Tenho imenso respeito por ele. Compreendo o que fez". Carlos Andrade insistiu na pergunta: "Mas concorda?" "Não tenho de o dizer", devolveu Coelho.

Coelho admite escutas contra violação do segredo de justiça

Mais à frente no programa, o socialista criticou as fugas de informação para a comunicação social. Defendeu que cabe aos políticos criar condições para fazer respeitar o segredo de justiça. "A moldura penal é muito fraquinha. E sabia que não é possível fazer escutas na investigação ao crime de violação de segredo de justiça? Era uma coisa fácil", considerou, em resposta ao moderador Carlos Andrade. 

Ficou assim a sugestão de uma alteração à lei, para incluir na investigação às fugas de informação dos processos, as escutas, que só são autorizadas em tipos legais de criminalidade considerada muito grave.

manuel.a.magalhaes@sol.pt