Semedo ou Catarina podem abdicar para salvar BE

Catarina Martins e João Semedo podem não passar do próximo domingo como coordenadores do BE. Esta semana ambos circulavam pelos corredores do Parlamento em diálogo, parecendo tentar encontrar uma saída do labirinto para onde foram atirados na Convenção: a direcção cessante elegeu 34 membros para a Mesa Nacional, os mesmos de Pedro Filipe Soares, o…

O empate no órgão máximo entre convenções – extensível à Comissão Política – adiou para este domingo a escolha dos líderes, na reunião da Mesa Nacional. 

O BE está partido e nem as outras duas moções que chegam à Mesa (a ‘moção B’ com sete membros e a ‘moção R’ com quatro) parecem capazes de desempatar, já que não deverão transferir votos para as moções mais votadas e insistirão na direcção colegial, com porta-vozes – modelo rejeitado por Semedo/Catarina Martins e por Pedro Filipe Soares, sabe o SOL.

A reunião deste domingo será, por isso, de alto risco. Semedo e Catarina Martins vão argumentar que a sua moção foi a mais votada; Pedro Filipe Soares, na resposta, prepara-se para acusar a dupla adversária de implodir o partido, se não abdicar da liderança. Soares e a UDP não prescindem de enviar para o exterior um sinal claro que passa pela mudança de rostos. “O modelo bicéfalo falhou e as coisas não podem ficar iguais”, defende fonte do BE. 

Mas os eleitos pela moção de Soares não deverão indicar nomes e ficarão à espera que a moção vencedora do conclave diga o que entendeu dos resultados. Ou seja, aguardam para ver se Semedo e Catarina abdicam da coordenação, para onde foram eleitos há dois anos, sucedendo a Louçã. 

Uma guerra silenciosa

No lado dos pressionados a sair fala-se em “guerra silenciosa”. Mas, sabe o SOL, a direcção cessante não abre mão da paridade na liderança, princípio que pressupõe necessariamente um homem e uma mulher. 

Luís Fazenda e Francisco Louçã – que voltou à condição de militante base – poderão ser essenciais para resolver o bloqueio. A relação entre os fundadores do BE já viveu melhores dias, mas há quem acredite que os dois se possam encontrar para ensaiar um desfecho para domingo. “Louçã é o pai do modelo bicéfalo e deve dar a cara por outra solução. Não se pode demitir de responsabilidades”, nota fonte bloquista. 

O SOL sabe que Marisa Matias seria bem recebida como parte de uma dupla que agregasse as duas moções mais votadas. Mas seria uma coordenadora ‘em exílio’, porque continuaria eurodeputada em Bruxelas, num cenário de desequilíbrio com o outro coordenador, notam fontes ouvidas pelo SOL. Afastada está a hipótese de Catarina Martins formar dupla com Pedro Filipe Soares ou de abrir a liderança a mais um casal. 

ricardo.rego@sol.pt

* com Manuel A. Magalhães