Toda a gente considerou genial esta intervenção. Ora, ela decorria do mais elementar bom senso. Era a tradução prática do velho aforismo «amigos, amigos, negócios à parte».
Este foi o primeiro momento do afastamento de Costa em relação a Sócrates, como quem diz: «Não me comprometas».
Logo a seguir, Costa pegou na frase da carta de Sócrates enviada da prisão onde este pedia ao PS para não se envolver. Depois, proibiu os militantes de pronunciarem no Congresso o nome de Sócrates. A seguir, afastou os socráticos da direcção do partido (mesmo Vieira da Silva, que tinha vindo nos últimos tempo a reassumir protagonismo). Finalmente, pela voz de João Cravinho (que reentrou na direcção do PS), admitiu criminalizar o enriquecimento ilícito.
António Costa, com pezinhos de lã, vem fugindo de Sócrates como o diabo da cruz.
E um dia talvez cheguemos à conclusão de que a prisão de Sócrates até o beneficiou. Doutro modo, teria de aturar a ‘tralha socrática’ pelo tempo fora, e o próprio Sócrates a mandar-lhe recados pela TV. A prisão de Sócrates libertou António Costa de um peso que, certamente, iria tornar-se cada vez mais incómodo para ele.
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