O Plano Juncker

Mario Draghi prescreveu a receita em Jackson Hole no início do Verão. Para evitar a deflação ou, na melhor das hipóteses, a estagnação prolongada, a UE devia actuar em três frentes: expandir agressivamente o balanço do BCE (o chamado Quantitative Easing) injectando liquidez na economia, prosseguir e acelerar as reformas estruturais e adoptar uma política…

O BCE obsequiou e, de forma mais ou menos conseguida, muitos países encetaram reformas. Só a frente orçamental, tolhida pela oposição alemã, não registou qualquer progresso. O plano de investimento público no montante de €315 mil milhões anunciado pelo Presidente da Comissão Europeia no final de Novembro responde a esta situação. Estes fundos financiariam não apenas projectos de infra-estruturas (transportes e redes de energia, por exemplo) mas também educação e I&D. A intenção é, sem dúvida, louvável.

Contudo, uma análise mais fina revela que o estímulo é muito menor do que parece e, também, muito mais incerto. De fato, apenas €21 mil milhões são dinheiro público (e, destes, apenas cinco correspondem a dinheiro 'novo'); constituirão o capital-semente de um fundo que permitirá ao BEI emprestar até cerca de €60 mil milhões, os quais, por sua vez, e num passe de optimismo mágico, deverão atrair dinheiro privado para aqueles projectos de investimento (dinheiro que, note-se, pelo menos em parte, iria já ser investido).

Como o economista Benjamin Friedman escreveu, o crescimento lento gera inveja e a inveja gera populismo o qual, por sua vez, gera crescimento lento. Para sair deste pântano para o qual a UE parece estar a caminhar o plano Juncker é, como devastadoramente lhe chamou a The Economist, “risivelmente inadequado”.