Lisboa não sejas francesa. Cantava Amália

Gosto de andar a pé em Lisboa. Do Cais do Sodré até Belém, do Largo do Camões até ao Miradouro da Graça. Desço também muitas vezes o Rossio e subo a Avenida da Liberdade. Não há cidade como esta e não foi por acaso que a escolhi para viver, ou ela me escolheu a mim.…

A capital está cada vez mais uma cidade cosmopolita. Reparo nisso da minha janela virada para o Camões e é impressionante o número de turistas que a visitam e, ao que parece, a tendência é que a actividade turística cresça ainda mais. Não estranho, porque Lisboa é de facto uma cidade muito diferente das outras. Ímpar na sua geografia, na arquitectura, na segurança, na gastronomia, nos brandos costumes e na luz. Mas isso, já todos sabemos.
No entanto, não tenho deixado de reparar que com os turistas vieram novas actividades turísticas. Tuk tuks que escalam colinas e que me lembram a Tailândia, autocarros que nadam no Tejo, como os que mergulham no Tamisa. E, para meu espanto, vi há dias bicicletas impulsionadas a pedaladas de cerveja, típicas do Oktoberfest. Já para nem falar da crescente moda do gourmet.

Nada contra o empreendorismo. Eu só quero que Lisboa me lembre sempre Lisboa. E tenho a certeza de que os turistas também. Como cantava Amália: "Lisboa não sejas francesa, com toda a certeza, não vais ser feliz.".