Bélgica ficou paralisada

A Bélgica ficou hoje paralisada por uma greve geral contra a austeridade, qualificada de histórica pelos sindicatos e que inclui o aumento da idade de reforma e a suspensão da indexação salarial à inflação.

O protesto, iniciado no domingo às 21:00 TMG e Lisboa e que se prolonga por 24 horas, afecta todos os transportes públicos e todos os sectores da economia.

Devido à greve dos controladores aéreos, o espaço aéreo belga foi encerrado e todos os voos da companhia Brussels Airlines anulados a partir das 20:40 de domingo, afectando cerca de 600 voos.

Em Bruxelas, não circulam autocarros, eléctricos e metro. 

Os comboios também deixaram de funcionar no domingo à noite e não estão previstas quaisquer partidas dos comboios de alta velocidade TGV, Thalys ou Eurostar, que ligam Bruxelas a Paris, Amsterdão e Londres, durante o dia de hoje.

Toda a navegação comercial de ou para os grandes portos de Zeebruges e Anvers foi suspensa.

As escolas e os serviços públicos, incluindo tribunais, estão encerrados, os hospitais só atendem emergências e os serviços de correios e recolha de lixo funcionam com grandes perturbações.

Televisões e rádios funcionam em serviços mínimos, com boletins de informação limitados, e os jornais não foram publicados hoje. 

Várias grandes superfícies também encerraram.

"Nunca houve uma greve assim tão forte, uma frente comum sindical do norte ao sul e do leste ao oeste", congratulou-se a secretária-geral do principal sindicato belga, a central cristã CSC, Marie-Hélène Ska.

"Vamos procurar a via para relançar a concertação, mas se continuarmos perante a mesma lógica de autismo do governo e dos patrões, não teremos outra alternativa que definir um plano de acções a partir de Janeiro", advertiu por seu lado o secretário-geral do sindicato socialista FGTB, Marc Goblet.

O plano de austeridade anunciado pelo governo do primeiro-ministro Charles Michel, em funções desde 11 de Outubro, visa reduzir a despesa 11 mil milhões de euros em cinco anos.

A coligação governamental, que integra pela primeira vez no país os nacionalistas flamengos da Nova Aliança Flamenga (N-VA), prevê aumentar a idade mínima de reforma dos 65 para os 67 anos até 2030 e congelar a "indexação automática" que permite a revalorização anual dos salários em função da inflação.

A greve geral de hoje segue-se a uma série de greves regionais realizadas nas últimas semanas e a uma manifestação nacional que, a 06 de Novembro, reuniu dezenas de milhares de pessoas em Bruxelas.

Lusa/SOL