Os trabalhos de Albuquerque

Miguel Albuquerque pôs esta segunda-feira um ponto final no reinado de 40 anos de Alberto João Jardim à frente do PSD-Madeira. Mas não terá tempo para festejar a vitória expressiva (64% dos votos) nas directas sobre o ‘jardinista’ Manuel António Correia. Dos vários desafios que tem pela frente, o principal é não entregar o poder…

Os trabalhos de Albuquerque

Na noite eleitoral, Albuquerque colocou a fasquia alta: ganhar as regionais antecipadas (que terão lugar em Março ou Abril) com maioria absoluta. Para tal terá de sarar as feridas fratricidas de uma campanha com seis candidatos e conquistar milhares de votos perdidos nas últimas regionais e autárquicas. Jardim, na carta de 'felicitações' que lhe mandou entregar em mão, manifestou as suas “apreensões quanto ao futuro da Madeira e do partido”.

O novo líder tem pela frente a tarefa de encontrar a fórmula mágica que lhe permita gerir a dívida superior a 13 milhões de euros, contraída pelo partido e pela Fundação Social Democrata da Madeira. Por outro lado, terá de encontrar espaço na vida política para figuras como Manuel António Correia, João Cunha e Silva, Sérgio Marques, Jaime Ramos, Miguel de Sousa e mesmo Alberto João Jardim. Peças que terá de acomodar mesmo num cenário de maioria relativa, que pode passar por uma aliança pós-eleitoral com o CDS.

Para já, no congresso do PSD-M, é com alguma expectativa que se aguarda o discurso de despedida de Jardim. Será um discurso de respeito pelos resultados ou de hostilidade? Atrever-se-á a repetir os ataques com que brindou Albuquerque na campanha, acusando-o de maçónico e defensor de interesses da chamada 'Madeira Velha'?

Incógnita sobre futuro de Jardim

É também com expectativa que se aguarda o dia 12 de Janeiro, data da anunciada demissão de Jardim do Governo Regional. Fica a dúvida se cumprirá a promessa ou se arriscará sujeitar-se a uma moção de censura, que o CDS já disse que apresentará no Parlamento madeirense, caso a saída não seja formalizada.

Quanto ao futuro de Jardim, as incógnitas também são várias, como aponta o dirigente do PSD -M Filipe Malheiro. “Será que se vai sujeitar às orientações políticas de Miguel Albuquerque? Será que aceitará encabeçar a lista de candidatos do PSD-M à Assembleia da República como fez durante quase 40 anos, se for convidado por Albuquerque? Vai fazer campanha nas eleições Regionais?”. A resposta a estas questões não é indiferente para o sucesso eleitoral do novo líder dos sociais-democratas madeirenses.