O secretário-geral do PS rejeitou hoje a plataforma de diálogo permanente proposta pelo PSD antes das eleições, alegando discordância com as políticas do Governo e que os portugueses devem pronunciar-se primeiro sobre uma alternativa em eleições.
António Costa falava no final de uma reunião com o Bloco de Esquerda, depois de interrogado sobre a proposta que uma hora antes a direcção do PSD lhe fizera no sentido da criação de uma "plataforma de diálogo permanente" entre as duas forças políticas.
"Este ano os portugueses vão ter a oportunidade de poder votar e de escolher quais as soluções de Governo. O PSD não deve querer subtrair à liberdade dos portugueses a escolha que os portugueses têm a fazer sobre o caminho a seguir - e não contarão com o PS para prosseguir as políticas que têm vindo a ser concretizadas"", respondeu o líder socialista.
A seguir, o secretário-geral do PS fez uma distinção entre essa proposta dos sociais-democratas, de curto prazo, e o objectivo socialista de concertação estratégica do país a médio e longo prazo.
"Quanto ao futuro do país, aí é importante que haja plataformas alargadas de convergência. Mas há uma opção de fundo que tem de ser feita no sentido de se saber se acreditamos que o futuro de crescimento do país ao nível da competitividade passa por uma estratégia de empobrecimento brutal, tal como o PSD prosseguiu ao longo dos últimos anos, ou se, pelo contrário, passa pelo investimento nos factores de qualificação para reforçar a competitividade do país", apontou António Costa.
O secretário-geral do PS defendeu depois que os socialistas têm uma proposta concreta sobre os principais desígnios nacionais, intitulada "Agenda para a década", a qual não pretendem impor às outras forças políticas e sociais.
"Aguardamos que os outros partidos também coloquem em cima da mesa as suas visões estratégicas e, naturalmente, estamos disponíveis para as discutir. Agora, uma coisa é convergência estratégica sobre os objectivos de longo prazo e outra coisa é um acordo que o Governo gostaria de ter relativamente às suas políticas. Mas aí não há acordo", disse.
Costa considerou mesmo salutar a existência dessa divergência entre o PS e as forças do actual Governo antes das próximas eleições legislativas.
"Aquilo que mata a democracia é a ilusão de que não há alternativas no quadro da democracia e no quadro da Europa. Ora, no quadro democrático e da Europa, há sempre alternativas - e quem escolhe são os cidadãos. Não vamos privar os cidadãos da possibilidade de escolherem uma alternativa", frisou o secretário-geral do PS.
Lusa/SOL