Julgamento de rede criminosa suspenso por paradeiro incerto de arguidos

O juiz do Tribunal Central de Lisboa que está a julgar 27 suspeitos de associação criminosa e dezenas de furtos a residências decidiu hoje suspender o início do julgamento por desconhecimento do paradeiro de alguns arguidos.

Na primeira audiência do julgamento, que decorreu esta manhã no Campus de Justiça, estiveram presentes 15 arguidos, 10 dos quais a cumprir pena de prisão preventiva desde Junho de 2013, mês em que ocorreram as detenções.

Segundo os advogados, dos ausentes, um dos arguidos já foi expulso do país, cinco faltaram por motivo desconhecido e outros seis não foram notificados por não terem termo de identidade e residência.

Nesta sequência, o colectivo de juízes determinou que a sessão fosse retomada na próxima quinta-feira para que "sejam tomadas diligências urgentes junto do Consulado da Georgia [nacionalidade dos arguidos] para descobrir o paradeiro" dos suspeitos em falta.

O despacho de acusação do Ministério Público (MP) sustenta que os principais elementos da alegada rede criminosa criaram "um grupo transnacional organizado com estabilidade e permanência em território nacional, com a finalidade de praticarem furtos em residências como modo de vida".

As dezenas de furtos ocorreram entre 2008 e 2013 nos distritos de Lisboa e de Setúbal.

Segundo a acusação, os suspeitos eram provenientes da Geórgia, tendo alguns procurado refúgio em Portugal na sequência de operações policiais de desmantelamento de grupos idênticos em Espanha, Suíça, Alemanha, Áustria e Itália.

"Os arguidos tinham uma organização hierarquicamente estruturada, prestavam contas às chefias sediadas na Europa ocidental e tinham também ligação com um dos mais importantes clãs de Moscovo", sublinha o MP.

Os responsáveis pela organização em Portugal "definiam as tarefas a cumprir sobre os assaltos a residências, obtenção de documentação forjada e escoamento dos produtos dos crimes".

Os elementos do grupo remetiam depois, através de sistemas alternativos de transferências, "elevados montantes em dinheiro" para Itália e Geórgia.

Os arguidos, que respondem ainda pelos crimes de receptação e falsificação de documento, foram detidos em Junho de 2013.

Lusa/SOL