Furtos por carteirista subiram 40%

O furto cometido por carteiristas foi o crime que mais aumentou este ano, na área da PSP. 

Segundo dados adiantados ao SOL por fonte oficial da instituição, até ao fim de Outubro, este ilícito registava um aumento de 40% face ao mesmo período de 2013. Ao todo, as autoridades contabilizaram mais três mil casos. 
A Polícia admite estar preocupada com a evolução de um fenómeno que diz resultar do fluxo crescente de turistas, mas sobretudo da “criminalidade itinerante”. Ou seja, estes furtos são cada vez mais praticados por estrangeiros oriundos da Europa de Leste, incluindo mulheres, que têm extrema facilidade de se movimentar em Portugal – e de país para país – à medida que vão cometendo os crimes. 

Detenções triplicaram este ano

Este agravamento explica-se, segundo Paulo Flor, porta-voz da PSP, pela “dificuldade de identificar os suspeitos” e também pela “reduzida moldura penal” prevista para estes furtos. Caso sejam considerados simples, são puníveis com pena de prisão até três anos – o que, sublinha, “não permite a aplicação de medidas de coacção privativas da liberdade (prisão preventiva)”. Mesmo os carteiristas que são detidos acabam, na sua maioria, por ser libertados com termo de identidade e residência ou apresentações periódicas, voltando a 'atacar' nas ruas. 

“Chegam a ser detidos duas ou mais vezes em Lisboa, mas saem em liberdade e são depois 'transferidos' para outra cidade”, explica outra fonte policial, destacando o carácter organizado destas redes: “São grupos com uma hierarquia bem definida e que estão divididos por diversas zonas da cidade”.

O subintendente Paulo Flor frisa que “é urgente sensibilizar as pessoas para este perigo real e crescente” e sublinha a necessidade de “um maior cuidado dos turistas” e também de “uma maior divulgação de sinalética que avise para este perigo nos transportes públicos”. 

A PSP tem reforçado as medidas de combate a esta criminalidade, apostando sobretudo na investigação das redes organizadas e na troca de informação com congéneres estrangeiras. E já se notam resultados: entre Janeiro e Novembro de 2014, foram detidos 115 carteiristas, praticamente o triplo em relação a 2013 (34). “Este ano houve um afluxo anormal de cidadãs romenas, que fingem ser pedintes”, contextualiza fonte policial. 

Um relatório elaborado em Julho de 2014 pela PSP dá conta de uma realidade surpreendente: só em Lisboa, os carteiristas conseguiram roubar, no ano passado, bens num valor superior a dois milhões de euros. Segundo o documento, é nos meses de Verão e aos sábados que se registam mais casos. Os autores dos furtos, esses, são na maioria portugueses, embora haja cada vez mais imigrantes do Leste, sobretudo mulheres. Aliás, em Maio do ano passado, a PSP deteve cinco portugueses, com idades entre os 32 e 52 anos, que eram considerados o núcleo duro a actuar na capital, sobretudo no eléctrico n.º 28. 
 
Furtos em supermercados aumentaram 26%

A aumentar estão também os furtos em supermercados. Segundo os dados mais recentes da PSP, este ilícito subiu 26% até Outubro de 2014. Logo a seguir, com a mesma tendência, o furto de oportunidade teve um agravamento na ordem dos 7%. Trata-se de ladrões que actuam em lojas e restaurantes e que deitam a mão a todo o tipo de artigos, incluindo pertences de clientes, como carteiras ou porta-moedas.

Em sentido contrário, o furto de metais não preciosos, como o cobre, diminuiu 35% ao longo do ano passado – seguindo a tendência que já se verificava desde 2013, em que desceu cerca de 12%. 

Já na área da GNR, o crime de maus tratos foi o que mais subiu até Outubro último, tendo-se registado 213 casos, mais 26% do que em igual período de 2013. O tráfico de droga surge logo em seguida nesta lista, com 1.106 casos (mais 7,5%).

sonia.graca@sol.pt