Imã da mesquita de Lisboa condena “acto bárbaro” em Paris

O imã da mesquita de Lisboa, Sheik Munir, condenou hoje o “ato bárbaro” contra a publicação satírica francesa Charlie Hebdo e urgiu com os muçulmanos que não se “sentem bem” para emigrarem para outros países. 

Imã da mesquita de Lisboa condena “acto bárbaro” em Paris

"Se um muçulmano, vivendo num país, não se sente bem porque não é de acordo com os seus ideais, ele tem uma solução: emigra para um outro país onde se possa sentir mais à vontade", disse Sheik Munir à agência Lusa, acrescentando que o atentado de quarta-feira em Paris viola o espírito do Islão.

"Aquele atentado não tem nada que ver com o Islão. A mensagem do Islão não é o que meia dúzia de pessoas fazem, denegrindo ainda mais a imagem do Islão. Essas pessoas são pessoas perturbadas e que desconhecem o Islão, emocionam-se facilmente e fazem coisas: actos bárbaros que violam a liberdade. Violam o espírito do Islão com muita facilidade", afirmou.

O atentado contra a redacção do Charlie Hebdo, em Paris, fez doze mortos, entre os quais oito jornalistas e dois polícias.

"No caso concreto da comunidade islâmica portuguesa, como qualquer comunidade, nós vemos com alguma preocupação e algum receio estes acontecimentos, porque o Islão transmite a paz", sublinha o líder da comunidade islâmica.

Sheik Munir acrescentou que o Islão promove a convivência e o respeito pelas outras culturas e religiões.

"Tem de haver respeito. Eu só poderei ser respeitado se respeitar e isto é muito importante. As pessoas que não consigam fazer isso devem ser desequilibradas, de certeza", disse o imã da mesquita de Lisboa, mostrando-se preocupado com os ataques contra locais de culto islâmicos que se registaram hoje em França.

"Estas reacções não são benéficas para uma sociedade que queira viver em paz. Todos os muçulmanos condenaram estes actos que aconteceram ontem, frontalmente, com muita transparência e muito directamente e, portanto, eu acho que todos nós estamos consternados mas não é fazendo explosões ou atentados nas mesquitas ou nos lugares de culto que iremos resolver o nosso problema", disse Sheik Munir apelando à calma.

"As pessoas têm de ser mais serenas porque isto afecta todos nós. Não afecta apenas os não muçulmanos, afecta também os muçulmanos e nós somos afectados", concluiu.

Locais de culto muçulmano foram alvo nas últimas horas de actos criminosos que não causaram vítimas em três cidades de França, anunciaram fontes judiciais um dia depois do ataque contra o jornal satírico Charlie Hebdo.

Em Mans (oeste), foram lançadas três granadas de exercício e foi feito pelo menos um disparo contra uma mesquita num bairro popular pouco depois da meia-noite.

Em Port-La-Nouvelle (sul), foram disparados vários tiros contra uma sala de oração muçulmana durante a noite, cerca de uma hora depois do fim da oração.

Lusa/SOL