Humorista francês detido por ser ‘apologista do terrorismo’

O comediante francês Dieudonné foi detido hoje por alegadamente ser “apologista do terrorismo” depois de ter escrito no Facebook comentários que sugeriam que simpatizava com um dos autores dos ataques da semana passada em Paris, disse uma fonte judicial.

O Ministério Público francês abriu um processo contra o conhecido humorista francês depois de ele ter divulgado a mensagem: "Esta noite, naquilo que me diz respeito, sinto-me Charlie Coulibaly".

A mensagem mistura o slogan popular 'Je suis Charlie' usado em homenagem aos jornalistas mortos no semanário satírico, com uma referência a Amedy Coulibaly, que na sexta-feira passada matou quatro pessoas durante um ataque contra um supermercado judaico em Porte de Vincennes, nos arredores de Paris.

O ataque contra o supermercado foi perpetrado dois dias depois do atentado contra o semanário satírico Charlie Hebdo, no qual morreram 12 pessoas.

Numa visita à comunidade judaica em Paris, o ministro do Interior francês, Bernard Cazeneuve, descreveu na terça-feira Dieudonné como uma figura "desprezível".

Não é a primeira vez que este polémico humorista, que se destacou pelos gestos e piadas anti-semitas, é alvo de um processo judicial.

Dieudonné M'bala M'bala, que em Janeiro de 2014 teve vários dos seus espectáculos proibidos em França devido a comentários anti-semitas, é suspeito de fraude fiscal e branqueamento nomeadamente pela transferência de 400.000 euros para os Camarões desde 2009 sem que tivesse pagado nenhuma das multas fiscais que lhe foram impostas, no valor de 65.000 euros.

Nessa mesma altura, o humorista francês foi proibido de entrar no território britânico, por ter manifestado a intenção de ir ao Reino Unido apoiar o futebolista francês Nicolas Anelka.

Este jogador tinha sido convocado para uma audição disciplinar por ter feito um gesto considerado anti-semita durante um jogo da Premier League (campeonato de futebol britânico).

Em Fevereiro de 2014, Dieudonné foi absolvido pela justiça francesa num processo que teve como origem um vídeo em que apelava para a libertação do homicida de um jovem judeu.

O tribunal considerou na altura que não tinha ficado demonstrado que o controverso humorista era responsável pela divulgação do vídeo, que foi tornado público em Abril de 2010.

Dieudonné era acusado de injúria e difamação dirigida a uma comunidade ou religião, bem como do crime de apologia de atentado voluntário à vida.

No vídeo, o humorista denunciava "o poder do lobby judeu" e apelava para a libertação de Youssouf Fofana, condenado pela morte em França de Ilan Halimi, um jovem judeu sequestrado, torturado e morto em 2006.

Lusa/SOL