Tailândia criticada por utilizar presos na pesca

Uma dezena de organizações defensoras dos Direitos Humanos apelaram hoje ao primeiro-ministro da Tailândia, Prayuth Chan-ocha, que suspenda o projeto-piloto de utilização de presos para compensar a falta de mão-de-obra na indústria pesqueira do país.

O Governo tailandês, nas mãos dos militares desde Maio do ano passado, anunciou o plano no final do ano com o objectivo de mitigar o tráfico de pessoas no importante setor pesqueiro do país, onde trabalham milhares de imigrantes birmaneses e cambojanos em condições precárias.

Vários relatórios denunciam todo o tipo de abusos contra os trabalhadores dos barcos pesqueiros que incluem trabalhos forçados, violência física, salários abaixo do mínimo legal e tráfico de pessoas, referem as organizações em comunicado.

"A Tailândia não pode fugir do seu problema de tráfico na frota pesqueira do país (…) Enviar detidos para o mar não resolve o problema sistemático da indústria pesqueira", disse a directora do International Labor Rights Forum, Judy Gearhart.

A mesma responsável defendeu ser agora o momento do Governo tailandês "reconhecer que o tratamento dos imigrantes é a raiz do problema" para que sejam "tomados passos decisivos e reais para garantir que todos os trabalhadores podem exercer a sua actividade em condições dignas e justas".

Em 2014, Washington colocou a Tailândia na categoria 3 do seu relatório sobre tráfico de pessoas, o nível mais baixo em que coloca os países que não fazem suficientes esforços para atingir patamares mínimos.

A Tailândia é o terceiro maior exportador mundial de marisco e um dos maiores abastecedores dos mercados europeu e norte-americano.

Lusa/SOL