“Rapaz que voltou do Céu” admite que inventou tudo

Alex Malarkey tinha seis anos quando, em 2004, o carro em que seguia com o pai teve um grave acidente. Na sequência do embate, o menino ficou entre a vida e a morte. Ao acordar do coma, Alex estava tetraplégico, mas tinha uma história extraordinária para contar: fora levado por anjos através das Portas do…

O relato acabaria por ser transformado em livro com a ajuda do pai, Kevin Malarkey. The Boy Who Came Back From Heaven, publicado em 2010, vendeu um milhão de exemplares, chegando a entrar para a lista de bestsellers do New York Times. No site da Amazon, mais de metade dos leitores atribuíram-lhe uma pontuação de cinco estrelas.

Porém, acaba de ser revelado que o relato da experiência de quase-morte foi totalmente inventado. "Eu não morri nem fui para o Céu. Disse que tinha ido para o Céu porque achei que isso ia atrair as atenções", escreveu o jovem, hoje com 16 anos, numa carta aberta dirigida a ‘editores, compradores e vendedores’. Apesar disso, o adolescente mantém a fé cristã. "Na altura em que fiz essas afirmações [que resultaram no livro], não tinha lido a Bíblia. Houve gente que lucrou com as mentiras, e continua a lucrar. Deviam ler a Bíblia […] que é a única fonte da verdade".

O livro, que ostenta na capa a garantia “uma história verdadeira“, vai agora ser retirado do mercado.

The Boy Who Came From Heaven não é o único caso de sucesso no seu género. Outra obra com características idênticas, Heaven is for Real: A Little Boy's Astounding Story of His Trip to Heaven and Back (O Céu É Real: A Incrível História da Viagem de Ida e Volta de um Menino ao Céu), de 2010, também escrito por pai e filho, vendeu mais de dez milhões de cópias e foi transformado em filme.

jose.c.saraiva@sol.pt