Os homens fortes de Costa

Os homens e mulheres da maior confiança de António Costa dividem-se em três centros de poder: Largo do Rato, Assembleia da República e Câmara de Lisboa. António Costa chama a si o poder de decisão, mas ouve com atenção alguns socialistas do seu inner circle que o aconselham politicamente com regularidade. 

Os homens fortes de Costa

No Partido

No Largo do Rato, os cargos são o reflexo da confiança do líder. “A ideia não foi a de criar um ‘governo sombra’, mas uma direcção coesa, cada um com os seus projectos políticos”, nota ao SOL fonte socialista. 

Costa reúne semanalmente com o Secretariado Nacional. Porfírio Silva, conselheiro político próximo de Costa desde os tempos da JS, é hoje uma figura central no staff costista. Ficou com a área da comunicação, depois de ter sido o coordenador da moção de estratégia às primárias, e há quem preveja que terá um lugar de destaque num Governo de Costa.

Luís Patrão, ex-chefe de gabinete de Guterres e Sócrates, tem a cargo a administração do partido, enquanto Manuel Pizarro, o ‘homem do Norte’ impulsionador da vitória de Costa no Porto, onde é vereador, tem granjeado influência. 

A proximidade de Costa com o açoriano Carlos César, que levou a presidente do partido, vem desde os anos 80, quando ambos partilharam a mesma sala na JS sob a liderança de Arons de Carvalho. César já deu mostras de que terá um papel activo neste novo PS.

Fora dos cargos de direcção, mas com influência junto de Costa está Ascenso Simões: camaradas desde a JS, foram colegas no Governo de Sócrates. Deveu-se a Ascenso a ponte com Álvaro Beleza e restantes seguris- tas. Outro ex-camarada de Governo com quem o líder mantém uma boa relação é Augusto Santos Silva, que ouve sobretudo para acertar questões políticas. 

Também o ex-porta-voz do PS no tempo de Sócrates João Tiago Silveira é um amigo de longa data, desde os governos de Guterres. É considerado um dos intelectuais da nova geração do PS e uma das pessoas que Costa ouve com frequência, apesar de só fazer parte da Comissão Nacional. 

Um conselheiro fundamental para Costa, designadamente no que toca aos discursos políticos, tem sido José Manuel dos Santos, ex-assessor cultural de Mário Soares e Jorge Sampaio. Uma amizade antiga e uma influência discreta. Tal como o eurodeputado socratista Pedro Silva Pereira, amigo desde a Faculdade, que Costa ouve com atenção.

No Parlamento

É no Parlamento que está concentrada a actividade diária e de onde saem a maioria das respostas políticas do PS. Ali, Costa conta com o líder parlamentar Ferro Rodrigues, uma relação próxima desde o sampaísmo. “Costa tem encontros regulares com ele, normalmente fora da Assembleia. Para questões mais técnicas ouve os deputados coordenadores de cada área”, diz ao SOL fonte parlamentar. Os vices da bancada Vieira da Silva e Pedro Nuno Santos, com as pastas das Finanças e Economia, são dois dos homens mais ouvidos por Costa nas questões económicas, a par do deputado João Galamba, que entrou para o Secretariado Nacional.

Marcos Perestrello, Ana Catarina Mendes e Sérgio Sousa Pinto, este último também membro do Secretariado, completam o ‘núcleo duro’ de Costa na Assembleia. Pedro Nuno Santos e João Galamba fazem parte dos ‘jovens turcos’, uma nova geração no PS à qual Costa está a dar palco. O primeiro foi líder da JS e o segundo chegou mais tarde ao partido, só em 2009, por convite de Sócrates. Ambos da ala mais à esquerda do PS, entraram desde cedo em rota de colisão com António José Seguro. Foi a Galamba que Costa confiou parte da moção e da Agenda para a Década, designadamente sobre a dívida pública.  

A confiança em Perestrello vem de trás: foi chefe de gabinete quando Costa era ministro da Administração Interna, passando depois a ‘número dois’ no primeiro mandato na CML. Já Ana Catarina Mendes foi a sua directora de campanha nas primárias e um pilar importante de apoio na disputa pelas federações. Sousa Pinto, próximo de Soares e um dos mais críticos de Seguro, ficou no Rato com o pelouro das Relações Internacionais.

Na Câmara

A Câmara de Lisboa é outro dos pólos de poder de António Costa, que divide o tempo entre as obrigações da capital e o partido. Fernando Medina, ‘número dois’ desde as últimas autárquicas, com a gestão financeira, é o sucessor natural. Mas o peso do ex-secretário de Estado de Sócrates vai além da autarquia. 

Duarte Cordeiro, vereador, também faz parte do grupo dos ‘jovens turcos’. É o líder da concelhia de Lisboa e influente e conhecedor do aparelho socialista, uma mais-valia segura. Graça Fonseca, que começou por ser chefe de gabinete de Costa e ascendeu a vereadora, tem consolidado uma boa relação com o líder do PS, que a chamou para o Secretariado.  

sonia.cerdeira@sol.pt