Estamos a três minutos do Juízo Final

Os cientistas que regulam o Doomsday Clock, ou relógio do Juízo Final, um ‘aparelho’ simbólico que marca os minutos que faltam para uma catástrofe global, aproximaram mais os ponteiros da meia-noite. O problema, dizem, está no aquecimento global e nos arsenais nucleares que ainda constituem uma ameaça para o mundo.

O Doomsday Clock existe desde 1947 e é publicado no Boletim de Cientistas Nucleares da Universidade de Chicago (pode ser visto aqui). O relógio simbólico começou a ‘dar horas’ num mundo que entrava num contexto de Guerra Fria e numa era de corrida às armas nucleares, logo após as primeiras bombas atómicas terem sido lançadas em Hiroxima e Nagasáqui, em 1945. Foi criado pelos físicos da Universidade de Chicago que tinham trabalhado no Projecto Manhattan, que desenvolveu os engenhos que levariam à capitulação japonesa, pondo um fim abrupto à Segunda Guerra Mundial.

Os ponteiros do relógio podem avançar ou recuar, conforme os níveis de ameaça considerados pelos físicos de Chicago sejam mais ou menos severos. Para 2015 as previsões não são auspiciosas: as medições da temperatura global revelaram que 2014 foi o ano mais quente desde que há registos. Além disso, e apesar de não haver uma corrida nuclear oficial como no tempo da Guerra Fria, ainda há arsenais ameaçadores. Os ponteiros do Doomsday Clock passaram, por isso, para três minutos antes da meia-noite, a altura do tal Juízo Final. O relógio já esteve a dois minutos da hora fatídica em 1953, e, em 1991, com o fim da Guerra Fria, chegou a atrasar-se 17 minutos. Mas agora há uma reincidência das ameaças globais.

As duas ameaças revelam “falta de liderança mundial”, considera  Kennette Benedict, o director do boletim. A equipa recomenda medidas urgentes para reduzir a emissão de gases de efeito de estufa e um desinvestimento considerável nas armas nucleares, para que o relógio possa ser devidamente atrasado.

ricardo.nabais@sol.pt