Este político mudou de opinião sobre o aborto depois de falar com mulheres

Tim Ryan, um congressista democrata norte-americano, anunciou esta semana que abandonou a sua longa oposição à despenalização do aborto depois de falar com quem teve de tomar a difícil decisão de interromper uma gravidez.

“Sentei-me com mulheres do Ohio e de todo o país e ouvi-as falar sobre as suas experiências diferentes: relações abusivas, dificuldades financeiras, sustos de saúde, violação e incesto”, escreveu Ryan, um dos principais políticos católicos anti-aborto no seio do Partido Democrata de Barack Obama, de centro-esquerda.

“Estas mulheres proporcionaram-me um maior grau de compreensão sobre o quão complexas e difíceis certas situações podem ser. E apesar de haver pessoas bem-intencionadas em ambos os lados deste debate, uma coisa tornou-se abundantemente clara para mim: a mão pesada do Governo não pode tomar esta decisão em substituição das mulheres e das famílias”, disse, explicando também a sua mudança com a sua trajectória pessoal.

“Evoluí muito desde quando era um senador estadual, solteiro, com 26 anos, e não tenho medo de dizer que a minha posição evoluiu na mesma medida em que as minhas experiências cresceram, aprofundaram-se e tornaram-se mais pessoais. E apesar de ter um profundo respeito pelas pessoas nos dois lados deste debate, estaria a abandonar a minha consciência e o meu discernimento se continuasse a manter uma posição que já não creio ser apropriada. Acredito agora que temos de confiar às mulheres e às famílias – não aos políticos – a capacidade de decidir o que é melhor para as suas vidas”, escreveu o congressista.

Tim Ryan pede agora ao Congresso dos Estados Unidos mais medidas para evitar que se tenha de recorrer à interrupção voluntária da gravidez, mas sem penalizações para quem opta pelo aborto.

A interrupção voluntária da gravidez encontra significativas restrições em diversos estados norte-americanos, e é longa a discussão sobre se a eventual proibição pode ser decidida a nível estadual ou apenas federal.