Somos iguais aos gregos

Quando visitei a Grécia há uns anos (há muitos anos, talvez na década de 80), fiquei com a ideia de que não havia povos mais iguais do que o grego e o português. Até a tendência deles para uma certa aldrabice, a corrupção muito generalizada, a maneira de vestirem, a entoação da voz (apesar das…

Depois, quando começaram as crises, pôs-se de moda dizermos que não éramos iguais a eles (como os espanhóis gostavam de acentuar a diferença connosco), para ver se nos safávamos dos problemas de crédito internacional. Mas a crise apanhou-nos a todos, sucessivamente, em dominó, sem se compadecer com as diferenças alardeadas, e continuei convencido de que somos muito mais iguais aos gregos do que aos espanhóis (talvez até pelos anos em que vivemos de costas voltadas e fronteiras fechadas).

Parece que agora tenho de reconhecer que, afinal, não somos assim tão iguais aos gregos. Nós não seríamos capazes de formar um governo, depois das eleições, em menos de 24 horas, e ainda por cima de coligação; como também não conseguimos que a nossa Justiça acusasse ninguém pelos subornos dos submarinos (apesar de a Alemanha condenar subornadores), e os gregos chegaram a prender por isso um ministro da Defesa de então (o nosso até se deu ao luxo de deitar foguetes públicos por o Ministério Público ter arquivado o caso, sem acusações); e finalmente não temos um ministro das Finanças com os créditos do deles (fascinei-me a ler entrevistas suas), e com novas ideias reais para o euro. Lá nos vamos é safando da turbulência dos mercados, aproveitando de alguma maneira as medidas do BCE.