Empresas investem mais em 2015

As empresas europeias de média dimensão estão optimistas sobre o actual estado dos negócios e têm planos de investimento para crescer nos próximos seis meses. As empresas portuguesas, neste âmbito, encontram-se entre as mais optimistas. Estas são as conclusões do primeiro ‘EY European Mid-Market Barometer 2015’, um estudo da consultora EY (antiga Ernst & Young)…

O resultado central do relatório, que avalia a percepção das empresas quanto ao ambiente de negócios, coloca Portugal em 6.º lugar entre 21 países, à frente de Espanha, França e Alemanha. Portugal e a Turquia são os dois países onde as empresas esperam maiores taxas de crescimento das vendas, estimando uma subida de 2,4% face a 2014.

O estudo revela ainda que 38% das empresas portuguesas vão investir mais em 2015 e que 26% vão criar novos postos de trabalho nos próximos seis meses (5.º resultado mais favorável na Europa). E ainda como sinal positivo, o nosso país encontra-se entre os menos afectados pela dificuldade em encontrar mão-de-obra especializada.

Reduzir impostos é objectivo

A prioridade para as empresas portuguesas é a redução de impostos, seguida de investimento público e menos burocracia. Portugal é também o país analisado no estudo da EY em que mais empresas indicam que irá haver uma mudança na sua liderança nos próximos cinco anos.

Globalmente, as empresas europeias de média dimensão olham de forma positiva para as suas perspectivas actuais e futuras. 87% consideram o actual estado do negócio bom ou muito bom, e 50% esperam mesmo que o volume de negócios da empresa aumente em 2015 face ao ano anterior. Por outro lado, 46% esperam melhor desempenho já nos próximos seis meses e apenas 7% antecipam piores resultados nos seus negócios.

Confiança no futuro imediato

“O clima que se vive nas empresas europeias de média dimensão é extremamente positivo e a maioria destas demonstra confiança no futuro imediato e planos para manter ou aumentar o investimento”, revela Julie Teigland, managing partner da EY, responsável pela área de Contas e Mercados da região EMEIA (Europa, Médio Oriente, Índia e África). Considera ainda que “este optimismo é muito importante para a Europa, tanto mais quando estas empresas são a espinha dorsal da economia, criam emprego, inovação e crescimento sustentável para estimular um período de recuperação económica e prosperidade”.

No entanto, a imagem não é consensual em todo o continente. O estudo da EY conjuga as respostas relativas à situação actual com as referentes às expectativas para o futuro, calculando um índice representativo do ambiente de negócios. Com um resultado final que pode variar entre -100 e +100, as conclusões para 2015 resultam num valor médio para a Europa de 47. As empresas da Turquia (65), da Irlanda e Reino Unido (ambas 63), da Dinamarca (58), da Holanda (56), de Portugal (55) e de Espanha (51) estão mais optimistas. Empresas de países como Rússia (43), Alemanha (40), Itália (37), Polónia (19) e Grécia (-21) ocupam os cinco lugares mais baixos do ranking.

As empresas europeias de média dimensão estão mais optimistas sobre as perspectivas de evolução da economia do seu próprio país (32% em média) do que da Europa como um todo (28%). Irlanda (68%/59%), Reino Unido (49%/42%) e Espanha (48%/42%) lideram o optimismo quanto à evolução do clima económico durante os próximos seis meses.

Já na Alemanha, apenas 18% das empresas prevêem uma melhoria da sua economia interna, com 41% a estimarem uma deterioração das condições do mercado europeu. Em ambas as análises as empresas gregas são as mais pessimistas, com 47% a esperarem uma deterioração do mercado local e 46%a anteciparem o mesmo cenário para o conjunto dos países europeus.

Investimento estável

Em matéria de investimento, as conclusões gerais são de estabilidade, com 64% das empresas de média dimensão europeias a planearem manter o mesmo nível de investimento nos próximos seis meses, enquanto 29% pretendem aumentar e apenas 7% ponderam reduzir o investimento no período em causa.

A Turquia lidera as intenções de investimento (50% das empresas com planos de aumento). Já a Suíça (12%), a Áustria (11%), a Grécia, a Alemanha e a Rússia (todos com 10%) são os países mais susceptíveis de reduzir o investimento.

Teigland conclui que “um dos sinais mais encorajadores para a Europa está nos resultados em matéria de investimento. Se as empresas de média dimensão estão a investir, isso são boas notícias para a sustentabilidade do crescimento e do emprego. Um potencial obstáculo ao crescimento poderá ser a falta de mão-de-obra qualificada, o que coloca aos governos europeus o desafio de repensarem a forma como vêem a educação, a formação e a imigração”.

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