BES: CDS pergunta a Constâncio se BES lhe mereceu ‘especial atenção’

O CDS-PP entregou hoje na comissão de inquérito BES/GES as perguntas para diversas personalidades que vão responder aos deputados por escrito, questionando por exemplo Vítor Constâncio sobre a sua actuação quando era governador do Banco de Portugal (BdP).

BES: CDS pergunta a Constâncio se BES lhe mereceu ‘especial atenção’

"Foi governador do BdP desde Fevereiro de 2000 a Maio de 2010. Nos mais de 10 anos à frente da supervisão em Portugal, alguma vez o BES mereceu a sua especial atenção? Se sim, quando e porquê?", interrogam os centristas, que se fazem representar na comissão de inquérito pela deputada coordenadora Cecília Meireles e Teresa Anjinho.

No texto hoje enviado à comissão, a que agência Lusa teve acesso, são enviadas perguntas a seis personalidades: Constâncio, o ex-ministro Vítor Gaspar, o actual comissário europeu Carlos Moedas, o antigo comissário europeu Olli Rehn, o director-geral de Bruxelas da Concorrência, Alexander Italianer, e o responsável do Crédit Agricole Bruno Bernard Marie Joseph de Laage de Meux.

O maior leque de perguntas do CDS-PP é destinado a Vítor Constâncio e abordam o período em que o actual vice-governador do Banco Central Europeu (BCE) liderava o BdP.

"A ocultação de prejuízos na Espírito Santo International (ESI) remonta, pelo menos, a 2008. Neste ano, em plena crise financeira internacional, o Governo de então decidiu nacionalizar o BPN. Na sequência da crise financeira internacional e da situação da banca portuguesa em especial, o Banco de Portugal ordenou que fosse efectuada alguma inspecção transversal, mais intrusiva, aos bancos portugueses? Se sim, quando e em que regime?", interroga o partido, por exemplo.

Os centristas pedem também detalhes sobre reuniões onde Constâncio possa ou não ter estado e questionam se a resolução do BES foi, na visão do responsável, "a mais adequada e conforme, a que salvaguarda mais os contribuintes, no quadro legislativo em vigor, alterado, nomeadamente por regras europeias".

A Carlos Moedas, o CDS-PP foca as suas questões numa reunião com o ex-banqueiro Ricardo Salgado a 02 de maio: "Pode resumir o conteúdo dessa reunião, o que lhe foi pedido e que diligências fez?", interrogam.

"No âmbito do acompanhamento das instituições financeiras por parte da designada 'troika', nunca foi alertado para eventuais problemas no BES?", questionam ainda as parlamentares centristas na comissão de inquérito.

Já o ex-ministro das Finanças Vítor Gaspar é interrogado sobre a aplicação do memorando da 'troika' no sector bancário e sobre eventuais problemas detectados no GES e no BES.

"Teve, enquanto ministro das Finanças, encontros ou reuniões com Ricardo Salgado ou algum outro membro do BES/GES onde tivessem sido abordados eventuais problemas nos referidos grupos?" é uma das perguntas enviada ao actual quadro do Fundo Monetário Internacional (FMI).

De Olli Rehn e Alexander Italianer o CDS-PP pretendem saber de quando foram informados de problemas no grupo e no banco e da medida de resolução do BdP, e ao responsável do Crédit Agricole é perguntado, por exemplo, o conhecimento da entidade sobre o passivo na ESI e os resultados historicamente negativos do BES no primeiro semestre de 2014.

A comissão de inquérito arrancou a 17 de Novembro passado e tem um prazo total de 120 dias, que pode eventualmente ser alargado.

Os trabalhos dos parlamentares têm por intuito "apurar as práticas da anterior gestão do BES, o papel dos auditores externos, e as relações entre o BES e o conjunto de entidades integrantes do universo do GES, designadamente os métodos e veículos utilizados pelo BES para financiar essas entidades".

Lusa/SOL