Armador do Coimbra nega ter cometido qualquer infracção

O armador do Coimbra, um arrastão português que foi identificado num relatório norte-americano sobre pescas ilegais, nega ter cometido qualquer infracção com redes de pesca e diz que houve “má vontade” dos inspectores.

Portugal foi um dos seis países com navios envolvidos em actividades de pesca ilegal, não declarada ou não regulamentada, identificados num relatório do Departamento de Pesca da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA) hoje divulgado.

No caso do Coimbra, um navio que foi inspeccionado a 19 de Abril de 2014 em águas da zona NAFO (Atlântico Noroeste), foi identificada uma infracção a nível da malhagem de uma rede (inferior a 130 milímetros).

No entanto, em declarações à Lusa, o armador do navio, Luís Vaz Pais, negou que a rede tivesse uma malha inferior às exigências legais, justificando que estava enlameada e está sujeita a deformações.

Luís Vaz Pais adiantou que o navio se encontrava a pescar com essa rede "já há dois ou três dias, com um navio da fiscalização ao lado" e que o capitão não se apercebeu de qualquer problema.

Quando o navio foi visitado, os inspectores verificaram que a rede em causa "tinha para aí um milímetro ou um milímetro e meio a menos".

"Mas não tinha, devia ter dado uns 131 ou 132 (milímetros). Houve má vontade de um dos inspectores", lamentou o armador do Coimbra, acrescentando que o outro inspector reparou que a rede estava suja de lama e disse que o navio nunca tinha dado qualquer problema.

A rede ficou selada a bordo e o incidente foi comunicado à NAFO, e posteriormente à Bruxelas (por se tratar de um navio de um Estado-membro), mantendo-se o navio a pescar na zona.

"Foi uma surpresa. Ficou registada uma infracção que, no fundo, não o era", disse o empresário.

Luís Vaz Pais sublinhou que, normalmente, os navios encomendam redes com malhas de 135 ou 137 milímetros, para que estas tenham alguma folga, já que com o passar do tempo "vão perdendo um bocadinho a malhagem".

Portugal, Colômbia, Equador, México, Nigéria e Nicarágua foram identificados como tendo navios envolvidos em actividades IUU (actividades de pesca ilegal, não declarada ou não regulamentada – IUU, na sigla inglesa), tendo o Departamento de Pesca do NOAA iniciado contactos com os respectivos governos nacionais para pressionar a adopção de medidas correctivas e melhorar a gestão e práticas de pesca.

Se as acções tomadas não forem suficientes e o país não receber uma certificação positiva no próximo relatório bienal, os Estados Unidos podem proibir as importações de alguns produtos e impor sanções a nível de acesso aos portos.

Lusa/SOL