Às vezes no silêncio da noite…

Imagino tudo aquilo que se passa ‘atrás da cortina’. As bebedeiras que se transformam em discussões, zaragatas ou tristezas próprias de um afogar de mágoas, os ‘amassos’ entre novos amantes e amores próprios de fim de festa, ou a relação entre copeiros, barmen e proprietários. As idiossincrasias tão próprias de ambientes  cosmopolitas e desempoeirados transportam-nos…

É a magia do desconhecido e a adrenalina do sonho que nos fazem 'voar' para espaços pejados de música e de pessoas que nem sequer conhecemos mas que nos abrem as portas da realização pessoal, do nunca vivido, do mais apetecido. São essas fotografias mentais onde se encaixam essências, relações cruzadas e imaginários perfeitos que nos fazem sentir aquele arrepio no corpo e que nos transmitem a sensação que algo ali irá acontecer, porque aquele cruzar de olhos não foi inocente.

É por isso que a noite é matreira e insegura: testa-nos o ego e a alma, põe-nos à prova nos mais diversos sentidos. É o teste supremo numa cadeira que é a da vida, que exige um estudo diferente e nunca, mas mesmo nunca, tem fórmula certa para a nota de excelência. Basta olhar para um dos recantos de qualquer bar para vermos quem esteja a dar tudo e defina aquele momento como essencial para o seu futuro mais próximo, dedicando prosas e tricotando ideias para convencer quem por algum momento abriu na sua mente a possibilidade para que isso fosse possível.

Hoje as pessoas são diferentes, mais abertas e conhecedoras daquilo que querem, do que procuram, dos seus anseios. Isso faz com que as pessoas se dêem mais mas que também esperem mais e que não vão em cantigas fáceis de quem conta a típica história do bandido. Por vezes quando alguém acha que está a engatar, está a ser engatado, quem acha que está a iludir, está a ser iludido e quem está a enganar, está a ser completamente enganado.

A ampla diversidade de acontecimentos que se dão durante o mesmo evento permitem-nos aquilatar sobre a estrutura emocional de cada um e molda-nos através de circunstâncias que vivemos e que nos ensinam. Ainda assim é interessante perceber a quantidade enorme de pessoas que se conhecem numa festa e ficam amigos inseparáveis ou que resultam em projectos de vida cheios de intensidade e de compromisso sério.

Esta semana dei de caras com alguns casais que se conheceram em festas minhas, tornaram-se íntimos e hoje em dia são casados, com filhos e relações aparentemente saudáveis. O que me fez pensar que mais do que o sitio onde as pessoas se conhecem, importante é partilharem dos mesmos motivos com a mesma vontade no timming certo e com os valores bem identificados. É por isso que nem sempre é fácil mas…Às vezes, no silêncio da noite…!