Pedro Brito e Cunha não se lembra porque Salgado pediu investimento de 150 milhões no GES

O antigo presidente da Tranquilidade, Pedro Brito e Cunha, disse hoje no parlamento que não se lembra dos motivos invocados por Ricardo Salgado para pedir um investimento de 150 milhões de euros da seguradora no Grupo Espírito Santo (GES).

Pedro Brito e Cunha não se lembra porque Salgado pediu investimento de 150 milhões no GES

"Quem era a Tranquilidade para dizer que não? Havia as razões todas e mais algumas para não questionar isso ao accionista. O accionista esteve lá 25 anos e nunca fez mal à companhia. Não ia ser eu o mau da fita", declarou aos deputados da comissão de inquérito à gestão do BES e do GES, onde está a ser ouvido desde cerca das 17:30 e pelas 20:05 respondia ainda ao primeiro bloco de perguntas.

As operações de financiamento dividiram-se entre quatro e foram repartidas entre o Espírito Santo Financial Group (ESFG) e a ESFIL, detida pela primeira, que se situa abaixo da Rioforte e da Espírito Santo International (ESI).

Na comissão executiva da seguradora, reconheceu, havia quem não concordasse com esse aval ao financiamento de entidades do GES.

Brito e Cunha disse também na comissão de inquérito que a proposta da Apollo para a compra da seguradora "não foi a mais alta", tendo havido uma que era superior em 20 milhões de euros.

O antigo presidente da comissão executiva da Tranquilidade, do grupo GES, reconheceu também que a Apollo foi uma de entre várias contactadas inicialmente sobre a venda da empresa. 

"Arrancámos com dez, onze, e fomos reduzindo até às ofertas vinculativas no qual só ficou a Apollo no fim", sublinhou no parlamento.

O negócio fixou-se em 215 milhões de euros, dos quais 50 milhões de euros em dinheiro e mais de 150 milhões de euros garantidos para reforçar os capitais da instituição.

A comissão de inquérito arrancou a 17 de Novembro passado e tem um prazo total de 120 dias, que pode eventualmente ser alargado.

Os trabalhos dos parlamentares têm por intuito "apurar as práticas da anterior gestão do BES, o papel dos auditores externos, e as relações entre o BES e o conjunto de entidades integrantes do universo do GES, designadamente os métodos e veículos utilizados pelo BES para financiar essas entidades".

Lusa/SOL