Militares da GNR punidos por insultar ministro

Quatro militares da GNR foram punidos por terem participado num desfile de protesto, no dia 1 Março de 2012, em Lisboa, que terminou à porta do Ministério da Administração Interna.

Militares da GNR punidos por insultar ministro

Um foi sancionado com uma pena de suspensão de 70 dias (suspensa por dois anos) e os outros foram suspensos por 60 dias (penas suspensas por um ano).

Os processos disciplinares foram instaurados pela Inspecção Geral da Administração Interna (IGAI) por indicação do então ministro Miguel Macedo, mas a decisão final coube agora à sucessora, Anabela Rodrigues.  

A Associação dos Profissionais da Guarda (APG), que organizou o ‘Passeio Contra as Injustiças’ em conjunto com a Associação Nacional de Sargentos da Guarda, diz-se “absolutamente perplexa” com a decisão da tutela, sublinhando que “não foi cometido nenhum crime e estes profissionais, à semelhança de tantos outros que também estiveram presentes, apenas exerceram um direito de cidadania”.

“Esta situação não é mais do que uma lamentável ‘caça às bruxas’, tentando-se incutir o medo, o que é inconcebível num Estado de Direito democrático e viola os mais elementares direitos, liberdades e garantias”, disse em comunicado César Nogueira, presidente da maior associação sindical da GNR, acrescentando que esta decisão “abre um precedente gravíssimo em democracia já que está-se a punir cidadãos por, de forma ordeira e civilizada, demonstrarem o seu descontentamento”.

Naquela tarde, o protesto juntou cerca de dois mil profissionais que desfilaram até ao Terreiro do Paço. No fim, os ânimos exaltaram-se e ouviram-se gritos e apupos dirigidos ao ministro Miguel Macedo. “Não se entende que a IGAI tenha decidido encontrar ‘quatro vítimas’, utilizando imagens dos órgãos de comunicação social, de duvidosa legalidade e que, aparentemente, tenha conseguido identificar quatro pessoas no meio de quase dois milhares, que alegadamente injuriavam o então Ministro”, diz a APG, que acusa o Governo de ter “instrumentalizado” este organismo “para punir” elementos das forças de segurança.

sonia.graca@sol.pt