Borgen e El Príncipe: Da Dinamarca política aos podres de Ceuta

Elogiada na imprensa, as audiências deram só 70 mil espectadores a Borgen. Segue-se El Príncipe.

Muita gente tem elogiado na imprensa a série Borgen, mas as audiências da série dinamarquesa em exibição na RTP2 não reflectem esse facto. Colunistas como Isabel Stilwell, a jornalista Ana Sá Lopes, o magistrado António Cluny e o próprio presidente do recém-empossado conselho de administração da RTP,  Gonçalo Reis, confessaram-se viciados na intriga política que ocupou todos os serões  da RTP2, de segunda a sexta-feira, nas últimas seis semanas.

A discrepância entre o apreço manifestado e as audiências (esta semana a média foi de 73 mil espectadores) é avançada por Elísio Oliveira, director de programas da RTP 2, como «um  mistério» que se justifica «muito provavelmente por o tipo de público, da série, ver muitas vezes em gravação e não em directo e também no serviço online RTP Play».

Com o último episódio da terceira temporada a ser transmitido hoje, António Cluny, o magistrado representante de Portugal no Eurojust, diz que a série «dá um retrato complexo do que é a vida política e a vida mediática, em que não é possível pensar uma sem a outra». Centrado sobre a ascensão política de Birgitte Nyborg a primeira-ministra da Dinamarca e a sua queda até se tornar líder de um partido emergente quase sem representação parlamentar, Borgen é também o retrato «de como políticos e jornalistas vivem numa mesma bolha, quase isolados do resto do mundo e de como os universos da política e dos media estão em permanente contacto». Segundo o magistrado, «estas duas esferas coexistem de forma tão íntima que acabam por ser uma única coisa». O retrato não é muito diferente do que se passa na vida política de muitos outros países da sociedade ocidental, mesmo que falado numa língua invulgar.

Na próxima semana, no horário nocturno, e de fio a pavio durante pouco mais de duas semana, a RTP2 exibe El Príncipe, uma série de produção espanhola com acção centrada no bairro problemático de Ceuta El Príncipe, onde convivem barões da droga e células da Al Qaeda. «É uma série excelente, mas onde há um carácter mais romanesco», sustenta Elísio Oliveira.

Segundo a promoção da RTP, El Príncipe foi também a série mais vista dos últimos dois anos em Espanha.

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