Registos (IV)

1. Parabéns a você. Cristiano Ronaldo fez 30 anos. Está de parabéns. Quem não está de parabéns são as estações de televisão que dedicaram horas e horas no horário nobre a uma hagiografia desadequada e parola. Quando é que nos convenceremos de que o prestígio (e mais, a prosperidade) de um país não resulta de…

2. A verdade dos números. Em baixo as taxas de crescimento acumuladas do produto real per capita dos chamados PIGS, desde o começo do euro, antes e depois da crise:

Numa palavra: a Grécia, não obstante tudo, tem um rendimento per capita 10% acima do que tinha antes do euro, muito melhor do que Portugal.

3. Quanto vale uma vida? A dos nossos entes queridos: tudo! Mas este não pode ser o princípio organizador de um sistema de saúde. Do mesmo modo que o (ainda que legítimo) desejo individual de vingança não pode ser o princípio organizador de um sistema judicial de sanções. Por muito que nos custe, a decisão de fornecer gratuitamente um medicamento ou subsidiar um tratamento deve obedecer a uma cuidada (mas clara) análise custo-benéfico. Isto não é economicismo. É realismo.

4.Impagável. Varoufakis disse em Itália que se a Grécia 'cair' Portugal virá a seguir. Percebe-se o objectivo: criar a ideia de uma crise sistémica causada por uma eventual Grexit. Mas está errado. Estou aliás convencido que o oposto ocorrerá: se a Grécia sair do euro os restantes países com a Alemanha à cabeça tudo farão para que o caso se não repita. Portugal e a Grécia já não estão no mesmo barco. Basta comparar as taxas de juro das respectivas dívidas. Quem deseja atrelar Portugal a conferências multilaterais sobre a dívida quer fazer-nos reentrar nesse barco o qual, detalhe importante, mete água abundantemente.

5. Ucrânia. Muito complicado. O artigo The long view with Russia de Anne Applebaum – vencedora do Pulitzer em 2004 com Gulag: A History no Washington Post de 8 de fevereiro- iluminou-me um pouco. O objectivo da Rússia seria apenas impedir o surgimento de uma Ucrânia minimamente próspera e europeia, que representaria uma ameaça ideológica ao 'putinismo'. Se assim for, Merkel tem razão: a resposta não é o confronto militar mas antes o 'isolamento sanitário' do leste russófilo e a promoção da segurança e bem estar do ocidente europeu. E esperar. No fundo foi a prosperidade e a liberdade da Alemanha Ocidental que acabaram por derrubar o muro e derrotar o regime do Leste.