Paulo Rangel encara com naturalidade declarações de Juncker

O eurodeputado social-democrata Paulo Rangel disse hoje encarar “com naturalidade” as declarações do presidente da Comissão Europeia sobre a postura da ‘troika’ nos países intervencionados, recordando que o comissário Carlos Moedas já tinha alertado para o problema.

Paulo Rangel encara com naturalidade declarações de Juncker

"Eu encaro com toda a naturalidade. Não há aí novidade nenhuma. Carlos Moedas já tinha chamado a atenção para o facto de o modelo da 'troika' não ser o mais adequado", disse à agência Lusa o eurodeputado.

O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, admitiu na quarta-feira que a 'troika' "pecou contra a dignidade" de portugueses, gregos e também irlandeses", admitindo que a afirmação pode parecer 'estúpida' dita pelo ex-líder do Eurogrupo.

Em declarações hoje à Lusa, Paulo Rangel disse que esta "era uma crítica que muitos faziam".

"O que sempre se disse é que o modelo da 'troika' não era o mais adequado porque punha par a par entidades tecnocráticas e burocráticas com entidades políticas, e às vezes havia alguns bloqueios e até algum desconforto de estados, porque as autoridades democraticamente instituídas tinham que lidar com quadros puramente técnicos", explicou.

De acordo com Paulo Rangel, não existe nada do ponto de vista substantivo, as declarações de Juncker correspondem apenas a uma posição no seio da comissão que era partilhada por muitos.

"Os comissários português e irlandês disseram há uns tempos que era importante mudar o modelo da 'troika' porque consideravam, por experiência própria, que esse modelo tinha algumas limitações e criava desequilíbrios democráticos", recordou.

Paulo Rangel lembrou que Jean-Claude Juncker sempre foi uma pessoa muito crítica do modelo, mesmo quando presidia ao Eurogrupo.

"Podemos é dizer que estas críticas surgem numa altura em que há uma negociação entre o governo grego e a Comissão Europeia, mas mais uma vez encaro isto tudo com naturalidade", concluiu.

Nas declarações proferidas quarta-feira, Juncker teceu ainda críticas à anterior Comissão Europeia (CE), liderada por Durão Barroso, ao afirmar que "antes não se falava em absoluto" na Grécia porque se "confiava cegamente no que dizia a 'troika'", formada pela CE, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu. 

O actual presidente da CE insistiu na ideia de que falta à 'troika' legitimidade democrática, apesar de considerar que as três instituições que a formam devem estar presentes na estrutura.

Sobre estas declarações, Paulo Rangel disse não concordar porque "se houve alguém sensível à questão", foi Durão Barroso.

"Não tem razão nenhuma. Se houve instituição que lutou o mais possível num contexto muito difícil, porque ainda não havia montado nenhum esquema europeu para responder às crises, e a dependência dos estados era enorme, foi Durão Barroso", disse o eurodeputado social-democrata.

Lusa/SOL