Conservatório encerra salas

A Escola de Música do Conservatório Nacional de Lisboa viu-se obrigada a encerrar esta semana 10 salas de aula. A decisão partiu da Câmara Municipal de Lisboa, que realizou uma vistoria às instalações, na semana passada, tendo intimado a escola a realizar obras. 

Conservatório encerra salas

Segundo o aviso publicado no site oficial da escola, os 980 alunos que estudam no Conservatório vão continuar a “cumprir na mesma os horários estabelecidos” e a direcção está, entretanto, a desenvolver “todos os esforços para obter da Direcção-Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGESTE) uma resposta sobre a intervenção necessária”.

Contactada pelo SOL, a directora Ana Mafalda Pernão disse que “o Conservatório sempre teve graves danos nas estruturas”, visto tratar-se de um edifício construído no século XVII. Os problemas e os danos devem-se, principalmente, “a infiltrações”, que comprometem a “consistência das paredes”, que apresentam fissuras consideráveis.

Chuva nas aulas e tectos a cair 

Também as janelas, o revestimento da fachada e a cobertura do tecto precisam de ser renovados, estando a cair aos poucos. “Tenho alunos a fugir do tecto que lhes cai em cima”, disse. Em dias de chuva, “a água entra permanentemente dentro das salas e corredores”, continuou a directora da mais prestigiada escola de música do país. 

Os problemas resultantes da danificação do edifício situado no Bairro Alto já são antigos. Em Abril de 2008, o SOL noticiou que o Salão Nobre se encontrava fechado, em risco de desabamento parcial. Os balcões do espaço onde se realizam concertos e audições estão sustentados por vigas metálicas há 15 anos e a última vez que recebeu obras de manutenção foi na década de 40, no século XX. 

A directora garantiu ao SOL que o Ministério da Educação e da Ciência (MEC) tem pleno conhecimento da situação, mas que as sucessivas tentativas de diálogo para se arranjar uma solução ainda não obtiveram “nenhuma resposta”. “Há imensos anos que andamos nisto. Promessas temos muitas”, acrescenta. 

Paulo Ferrero, do Fórum Cidadania Lisboa, chegou a fazer uma petição pública em defesa do Salão Nobre, em 2007. “O processo tem-se arrastado ao longo dos anos e está pendente na Assembleia da República. Tem sido uma novela”, explicou ao SOL.

simoneta.vicente@sol.pt