O futuro hipotecado dos lesados do BES

Perante a indefinição das autoridades quanto ao reembolso das aplicações do Grupo Espírito Santo, famílias lesadas vivem dificuldades. Há poupanças de vida congeladas e idosos sem saber se vão reaver o dinheiro.

O futuro hipotecado dos lesados do BES

A família de Ana (nome fictício) sofreu um revés doloroso há 20 anos. O irmão, hoje com 40 anos, teve um acidente de viação e ficou com um grau de incapacidade superior a 90% – sem direito a qualquer indemnização da seguradora até um amigo da família se interessar pelo assunto e ameaçar a companhia com uma acção judicial. «Chegámos a um acordo em 2013. A seguradora indemnizou o meu irmão em 250 mil euros, contabilizando um rácio de esperança média de vida e uma estimativa dos gastos médios mensais com tratamentos», conta Ana.

Apesar das dificuldades em fazer face às despesas que a situação do irmão acarretava, a família decidiu continuar a esticar o orçamento mensal e não gastar o dinheiro da indemnização. «Quisemos pôr o dinheiro num banco e escolhemos o BES, porque foi um dos poucos a não pedir ajuda pública. Tinha contas sólidas e muitos anos de existência.»

O pai de Ana, sem literacia bancária, «fez boa-fé» na palavra do gestor, aceitou a recomendação e investiu os 250 mil euros. É agora um dos 2.500 clientes que investiram em papel comercial da Rioforte e Espírito Santo International (ESI) aos balcões do Banco Espírito Santo (BES) no início de 2014 e que têm 527 milhões de euros bloqueados.

sandra.a.simoes@sol.pt

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