Parlamento dá honras de Panteão Nacional a Eusébio

Os grupos parlamentares da maioria PSD/CDS-PP, PS, PCP, BE e “Os Verdes” foram hoje unânimes em conceder honras de Panteão Nacional ao futebolista Eusébio, falecido há cerca de um ano, aprovando a resolução conjunta na Assembleia da República.

Parlamento dá honras de Panteão Nacional a Eusébio

"Conceder honras de Panteão Nacional aos restos mortais de Eusébio da Silva Ferreira, homenageando o símbolo nacional, o homem solidário, o futebolista e o desportista excepcional, evocando o seu estatuto de verdadeiro marco na divulgação e na globalização da imagem e da importância de Portugal no Mundo", lê-se no documento.

O texto prevê a constituição de "um grupo de trabalho, composto por representantes de cada grupo parlamentar com a incumbência de determinar a data, definir e orientar o programa da trasladação, em articulação com as entidades públicas e demais instituições envolvidas, bem como os seus familiares próximos", prevendo-se que a cerimónia decorra antes do mês de Agosto.

A esmagadora maioria dos deputados aplaudiu a aprovação aquando da votação, com a parlamentar independente do PS Isabel Moreira a ovacionar de pé.

"Buscava o golo mais que golo/Só palavra/Abstracção/Ponto no espaço/Teorema/Despido do supérfluo/rematava/E então não era golo/era poema", declamou o deputado socialista Ramos Preto, citando o poema do histórico militante do PS Manuel Alegre.

O social-democrata Duarte Marques destacou que o atleta, nascido em 25 de Janeiro de 1942 na então Lourenço Marques (actual Maputo) e que se notabilizou ao serviço do Benfica e da selecção portuguesa de futebol, "foi sempre símbolo de união e de 'fairplay' (desportivismo)", sendo um "exemplo para a Comunidade de Países de Língua Portuguesa e para a cultura lusófona".

"A iniciativa, sendo de todos, não é apócrifa (sem assinatura)", lembrou o democrata-cristão Telmo Correia, autor da primeira versão do texto, antes de citar Camões para justificar a trasladação dos restos mortais do desportista: aqueles que "se vão da Lei da morte libertando", tornando-se imortais.

O líder parlamentar do PCP, João Oliveira, referiu que a resolução "da Assembleia da República corresponde ao reconhecimento e à identificação do povo português para com Eusébio, futebolista genial e símbolo maior do desporto nacional", enquanto o seu homólogo do BE, Pedro Filipe Soares, lembrou que "a decisão de o tornar herói nacional" não pode ser tomada pelo parlamento, pois "ela já está tomada" pelo país.

"O 'Pantera Negra' deu muito ao Benfica, mas também deu muito à selecção nacional e ao país, sendo difícil contabilizar os pontos que deu ao país ao longo da sua vida", afirmou o deputado ecologista José Luís Ferreira.

A poetisa Sophia de Mello Breyner Andresen foi a última personalidade portuguesa a merecer honras de Panteão Nacional por proposta de PSD e PS que obteve unanimidade em Fevereiro de 2014, tendo a cerimónia decorrido em Julho.

Eusébio da Silva Ferreira, para muitos o melhor futebolista português de sempre, morreu na madrugada de 05 de Janeiro de 2014, aos 71 anos, vítima de paragem cardiorrespiratória.

Também carinhosamente tratado por "King", foi eleito o melhor jogador do mundo em 1965 e conquistou duas Botas de Ouro (1967/68 e 1972/73).

No Mundial de 1966, disputado em Inglaterra, foi considerado o melhor jogador da competição, na qual foi o melhor marcador, com nove golos, com a "selecção das quinas" a classificar-se no terceiro lugar.

Lusa/SOL