Óscares 2015. Bennett Miller: Poucos mas bons

A filmografia assinada por Bennett Miller é parca em títulos, mas aos poucos que tem não lhes falta qualidade nem reconhecimento. Na edição dos Óscares deste ano, o seu mais recente filme, Foxcatcher, conta com cinco nomeações e leva o realizador pela segunda vez à corrida para a estatueta de Melhor Realização, embora não seja um…

Benett Miller, nova-iorquino de 49 anos, filma ao clássico estilo americano. Gosta de histórias verídicas e as três longas-metragens sob a sua direcção são disso exemplo, com narrativas baseadas em factos reais. Estreou-se no grande ecrã com Capote, em 2005. E foi uma entrada de arromba na passadeira vermelha de Hollywood. Nomeado nas princpiais categorias (Melhor Filme, Melhor Realizador, Melhor Actor, Melhor Actor Secundário e Melhor Argumento), conduziu Philip Seymour Hoffman, actor que morreu no ano passado, ao único Óscar da sua carreira.

Embalado pelo êxito, Miller podia ter alinhavado em um ou dois anos outra película. Mas não. Só em 2011 estreia o seu segundo filme, Moneyball: Jogada de Risco. Com Brad Pitt como protagonista, confirmou o seu lugar no mundo dos 'grandes' da sétima arte. Esteve nomeado em seis categorias dos Óscares, incluindo a de Melhor Filme. A crítica foi unânime nos elogios.

Diz quem trabalha com o realizador nova-iorquino que todos os seus projectos são pensados minuciosamente e rodados com extremo cuidado. Talvez seja o perfeccionismo de Miller a explicação para intervalos tão alargados entre as suas obras. E terá sido a razão para adiar tanto a sua estreia no grande ecrã. Em 1998 chamou a atenção quando realizou um documentário sobre Nova Iorque (The Cruise). Este projecto abriu-lhe muitas portas, mas ainda assim demorou sete anos a lançar-se numa longa-metragem, tendo recusado inúmeras propostas durante este período.

Em 2014 surge com Foxcather, um drama psicológico intenso com um Steve Carell irreconhecível. Miller reinterpreta a história sinistra (e real) do envolvimento do milionário psicopata John E. du Pont na equipa olímpica de luta livre dos Estados Unidos. Não é, dos seus filmes, o mais amado pela crítica ou público, nem um favorito na corrida aos Óscares, mas não deixa de ser uma das obras do ano. Pelo menos, uma das mais perturbantes.

andreia.coelho@sol.pt