Munidos de apitos e um altifalante, os manifestantes encontram-se dentro das instalações do banco batendo com os pés no chão e gritando "Queremos o nosso dinheiro" e "A luta continua".
Os lesados dizem sentir-se burlados e que "há pessoas a passar fome, sem dinheiro e com muitas dificuldades" devido à situação.
Muitos deles envergam ainda cartazes onde se lê "Não aos bancos abutres" e "Governantes e deputados, estamos no Novo Banco, quem o comprar tem de nos pagar".
Cerca de meia hora depois do início do protesto, o número de manifestantes dentro das instalações do Novo Banco tinha aumentado para 30.
"Reivindico o que é meu. Após ter vendido a quota que tinha na empresa fiz uma aplicação. Desde Novembro que andam a dizer-me que vão resolver o meu problema, mas até agora nada. O dinheiro aparece no meu extracto de conta, mas se o quiser levantar não posso", disse o empresário Jorge Carreira.
Já António Borda aplicou as poupanças de 50 anos de trabalho. "Prometeram-me uma solução para imigrantes, dizendo que me iria dar mais dinheiro. Agora não posso usar aquilo que é meu", lamentou, afirmando que mantém a esperança de reaver as suas poupanças.
Natural do Porto, Fernando Fernandes criticou a mudança de imagem do BES para Novo Banco, considerando que "gastaram dinheiro" dos clientes.
"O Novo Banco foi pago com o meu dinheiro, com o dinheiro que eles não têm, quando há pessoas idosas, acamadas, cegas e algumas já tentaram o suicídio", devido ao "desespero" por que estão a passar, disse.
Este cliente afirmou que estão a "ser roubados pelo Governo", que "não dá qualquer resposta", e "burlados" por deputados que "estão calados".
"Há seis meses que dizem que vão resolver o meu problema. Dou-lhes dois meses. Quero que me digam olhos nos olhos que não me vão pagar. Depois logo vejo o que faço", afirmou, acrescentando que cada manifestante "representa mil pessoas".
"Somos pouco mais de 20, mas representamos 2.500 famílias que ficaram sem nada", salientou Agostinho Santos, que se apresentou com um megafone para acusar o Governo e os responsáveis pelo banco pela situação de "milhares" de clientes.
Os manifestantes prometem ficar no banco até serem mandados embora, o que deverá acontecer à hora de encerramento do banco. A polícia está a acompanhar a situação à distância.
A 3 de Agosto de 2014, o Banco de Portugal tomou o controlo do BES, após a apresentação de prejuízos semestrais de 3,6 mil milhões de euros, e anunciou a separação da instituição em duas entidades: o chamado banco mau (um veículo que mantém o nome BES e que concentra os activos e passivos tóxicos do BES, assim como os accionistas) e o banco de transição que foi designado Novo Banco.
Lusa/SOL